SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Um grupo de sem-terra que acompanhava o velório de dois agricultores mortos anteontem em Passira (107 km de Recife) invadiu ontem a sede da fazenda Recreio, localizada no mesmo município. A propriedade, que está localizada a cerca de 500 metros da casa onde os dois corpos eram velados, é palco de conflitos entre sem-terra e fazendeiros.
Segundo Jaime Amorim, líder do MST em Pernambuco, o grupo só invadiu a propriedade para realizar um "ato contra a impunidade", que durou cerca de dez minutos. Logo depois, os agricultores teriam deixado a fazenda.
Segundo a Polícia Civil de Passira, o proprietário da fazenda Recreio telefonou de Recife, onde mora, para comunicar que a área estava sendo invadida e que os sem-terra teriam colocado fogo em casas e matado animais.
"Fizemos um ato contra a impunidade. Há muito tempo que o Estado não pune latifundiários que comentem crimes contra trabalhadores", disse Amorim.
A manifestação aconteceu pouco antes da chegada do ministro Nilmário Miranda (Secretaria Especial dos Direitos Humanos) e do ouvidor agrário nacional, Gersino Filho, que acompanharam o enterro dos sem-terra mortos.
Policiais civis e militares foram até o local para averiguar. Até as 17h, não haviam retornado.
Agricultores ligados ao MST de diversos acampamentos acompanharam o enterro. Os irmãos Edílson Rufino da Rocha, 37, e Francisco Manuel de Lima, 27, foram mortos por dois homens encapuzados enquanto dormiam.
A coordenação do MST sustenta que as mortes foram motivadas por vingança, já que Lima foi testemunha no inquérito que investiga o confronto entre sem-terra e jagunços durante uma tentativa de invasão na fazenda.
Na quinta-feira, outro sem-terra foi assassinado no Estado: Josuel Fernandes da Silva, 33, morreu em São José da Coroa Grande. Ele teria sido morto por seguranças do engenho Manguinhos.


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