|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES
Segundo pesquisador do IBGE, em apenas 386 municípios o número de mulheres candidatas à Câmara superou a cota de 30%
Só 7% das cidades cumpriram cota de eleitas
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A lei que estabelece uma cota
mínima de candidatas mulheres
nas eleições brasileiras ainda não
conseguiu mudar o quadro de
predominância masculina nas
eleições municipais.
Um levantamento feito pelo
pesquisador José Eustáquio Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, mostra
que em apenas 386 municípios
(ou 7% do total de 5.562) o número de mulheres candidatas a vereadoras superou a cota de 30%.
Esse percentual é estabelecido
pelas leis 9.100 (aprovada em
1995) e 9.504 (de 1997), que determinam que o número de vagas reservadas a candidatos mulheres
ou homens nas eleições não pode
ser menor do que 30%.
Neste ano, o percentual de mulheres candidatas a vereador foi
de 22%. O de eleitas foi ainda menor: 13%. Em 2000, essas proporções eram ainda menores: 19% e
12%, respectivamente.
Apesar da ainda pequena participação feminina nas eleições,
uma análise nos resultados do
Tribunal Superior Eleitoral mostra algumas situações curiosas.
No município de Montanhas
(RN), por exemplo, o eleitorado
reelegeu a prefeita Otemia Silva
(PFL), que administrará a cidade
com mais sete vereadoras, de um
total de nove parlamentares.
A maioria de mulheres vereadoras será esmagadora também em
Urbano Santos e Pedro do Rosário, ambas no Maranhão. Lá haverá apenas dois homens para sete mulheres na Câmara.
Em Urbano Santos, a vereadora
Maria Lídia Mendonça (PL) tem
uma explicação simples para o sucesso das mulheres na cidade.
"Não estou dizendo que os homens não trabalham, mas as mulheres gostam mais de trabalhar e
estão aparecendo mais", diz.
O número de vereadoras eleitas
nas duas maiores cidades do Brasil, Rio e São Paulo, também traz
algumas curiosidades. A cidade
do Rio, que nunca elegeu uma
mulher para a prefeitura ou governo do Estado (a ex-governadora Benedita da Silva, do PT, era vice na chapa de Anthony Garotinho, hoje no PMDB), colocou o
maior número de vereadoras na
Câmara: 13, de um total de 50.
Já São Paulo, que foi administrada nos últimos quatro anos por
uma mulher (Marta Suplicy, do
PT) e que já havia elegido outra
(Luiza Erundina), terá em 2005
apenas seis mulheres como vereadoras, de um total de 55.
Curiosidades à parte, para Alves
a pequena proporção de mulheres entre as candidatas e entre as
eleitas nas eleições deste ano mostra que a legislação precisa mudar
caso queria acelerar o processo de
participação feminina na política.
O pesquisador propõe que a lei
obrigue a cota de 30% para candidaturas efetivamente lançadas.
Texto Anterior: No Planalto: Sobre MST, ex-PT, Anca e coisas impudicas Próximo Texto: Novo prefeito de Mauá será diplomado hoje Índice
|