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JANIO DE FREITAS
Contra o novo mensalão
Não é justo faltar com o apoio aos corretos, como não é justo dar aos melhores o mesmo tratamento que aos piores
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MELHOR do que o aumento
com aparências mafiosas
que um punhado de parlamentares se concedeu e aos seus colegas, uma constatação simples ilustra o que esperar do conjunto de deputados e senadores. Não chegou a
2% dos deputados, ou apenas 9 dos
513, o total dos que adotaram atitude imediata e espontânea, antes de
qualquer indício da indignação cá de
fora, contra o novo arranjo do ambiente gerador da corrupção disfarçada em caixa dois, da gangue dos
sanguessugas e das CPIs que deixaram rastros horrendos em lugar das
conclusões, como a do Banestado e a
do mensalão.
A medida da presteza e da moralidade das reações trouxe também a
inesperável constatação de que a
maior qualificação do Senado, em
relação à Câmara, merece mais ressalva do que aplauso. Ficaram em
apenas 5% dos senadores, ou 4 dos
81, os que não precisaram esperar
pela indignação externa para opor-se ao mensalão de ares oficiais.
Vale a pena reproduzir, e se possível não esquecer, os 9 nomes salvados dos 513: Fernando Gabeira e
Chico Alencar, do Rio; Mendes Thame, Luiza Erundina e Carlos Sampaio, de São Paulo; Raul Jungmann
e Roberto Freire, de Pernambuco;
Walter Pinheiro, da Bahia, e Renato
Casagrande, do Espírito Santo.
Vale a pena reproduzir, e se possível não esquecer, os 4 salvados do
Senado: Eduardo Suplicy, Jefferson
Péres, Heloísa Helena e Cristovam
Buarque.
O deputado gaúcho Henrique
Fontana, líder do PT, merece a menção de que votou contra o aumento,
acompanhando Chico Alencar e Heloísa Helena, na reunião das Mesas
da Câmara e do Senado com lideranças partidárias.
Nesses nomes não há novidade,
mas trazem resposta a essa questão
presente em toda parte: são poucos
e tão impotentes os que não causam
arrependimento ao eleitor que não
há mais motivo para votar em deputados e senadores. A resposta: não é
justo faltar com o apoio aos que sejam considerados corretos, como
não é justo dar aos melhores o mesmo tratamento que aos piores.
Em defesa
A ministra Marina Silva foi objeto
aqui, certa vez, de comentário negativo. Não só naquela ocasião, as concessões que fez, sobretudo no caso dos
transgênicos, não são justificáveis.
Pessoas e entidades que dão atenção
ao ambiente natural procuram fortalecer Marina Silva, posta sob risco de
destituição desde que Lula proclamou
a conclusão brilhante, mais uma, de
que a natureza é um "entrave para o
desenvolvimento". Isto é, a degradação é que gera desenvolvimento.
Para quem não compartilhe a conclusão de Lula, apoiar Marina Silva é a
única atitude sensata. Quem vier a sucedê-la, seja quem for, só estará escolhido por ser capaz das piores concessões.
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