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Sindicalistas e internautas reagem à medida
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento de 91% aprovado
pelos parlamentares a seus
próprios salários alimenta uma
onda de irritação e protestos:
de mobilizações das centrais
sindicais e entidades civis, ainda pequenas, a iniciativas e manifestos na internet.
Ontem, a Força Sindical, presidida pelo deputado federal
eleito Paulo Pereira da Silva
(PDT), o Paulinho, fez uma passeata mirrada e barulhenta pelo centro de São Paulo. Havia
cerca de 50 pessoas, acompanhando um carro de som.
O deputado eleito justificou o
pequeno público: "É difícil mobilizar no final de ano. Até os
sindicatos estão de férias. Foi
por isso que os parlamentares
escolheram este momento".
O protesto chamou a atenção
da aposentada Osvaldina Cesar, 59, que fazia compras de
Natal: "Vim aqui ver se havia algum abaixo-assinado para eu
participar, tinha ouvido algo no
rádio sobre isso. Liguei até para
minha cunhada vir. Alguma
coisa a gente tem que fazer. Esse aumento é uma afronta", diz
ela, que votou na legenda do
Partido Verde para deputado.
Paulinho disse que hoje, em
Brasília, proporá aos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, e
do Senado, Renan Calheiros,
que o percentual de reajuste
dos salários caia de 91% para
23,33%. O índice reporia a perda da inflação, segundo o INPC
[Índice Nacional de Preços ao
Consumidor], desde o último
aumento, em fevereiro de
2003. Pela proposta, o salário
chegaria a R$ 15.662.
"Falei com o Aldo e propus a
reunião. Vou sugerir que se use
o INPC, que foi o mesmo índice
que corrigiu o salário da maior
parte dos trabalhadores . É uma
saída para essa enrascada em
que o Congresso se meteu", disse o sindicalista, que promete
doar o que receber a mais por
conta do aumento a entidades
de ajuda aos pobres e "favelas".
Paulinho convidou a CUT
(Central Única dos Trabalhadores) para a reunião, já que ele
e o presidente da central, Artur
Henrique, estarão em Brasília
-as centrais sindicais negociam hoje à noite, na capital,
que o mínimo suba mais que os
R$ 25 aprovados no relatório
setorial no Orçamento (passaria de R$ 350 para R$ 375).
Henrique, afirmou, porém,
que não é papel da central oferecer uma solução para o reajuste dos congressistas, mas
usar a indignação para pressionar por um salário mínimo
maior: "Devemos protestar nas
ruas. As pessoas querem demonstrar que estão irritadas".
A CUT colhe assinaturas
contra o aumento e hoje promoverá ato na Praça do Patriarca, em São Paulo, e em frente ao
Congresso, em Brasília.
Na internet, há também reação. O fórum-blog "Jornal de
Debates", editado pelo jornalista Paulo Markun, havia recebido de sexta até ontem 300 artigos sobre o tema e promove
consulta com juristas para escolher que caminho formal tomar contra o aumento. A principal delas é propor uma lei de
iniciativa popular. Outro internauta criou um blog sobre o assunto e convoca protesto no
vão do Masp (Museu de Arte de
São Paulo), na sexta. "O aumento foi a cereja do bolo dessa
legislatura e indignação está pipocando em vários lugares da
internet, que tem se mostrado
um ótimo canal para isso", diz
Markun.
(FLÁVIA MARREIRO)
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