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entrevista
Eleitora de Lula, atriz apóia bispo e critica governo
Ricardo Marques/Folha Imagem
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Letícia Sabatella, em ato de apoio a d. Luiz Cappio, em Brasília |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em frente ao Palácio do
Planalto, sob o sol do meio-dia, a atriz Letícia Sabatella
misturou-se a integrantes de
movimentos sociais, rezou,
cantou e discursou em apoio
à greve de fome de dom Luiz
Flávio Cappio.
(ES)
FOLHA - O governo já disse que
não pára as obras. Como a sra.
avalia isso?
LETÍCIA SABATELLA - A gente vê
a decisão de dom Luiz de
abrir mão da própria vida e
de chamar a atenção para
uma causa que vai atender às
gerações futuras, e, ao mesmo tempo, vê o governo tão
apegado à uma idéia de
transposição e à idéia de modelo de desenvolvimento calcado no lucro de alguns.
FOLHA - A sra. acha que o governo Lula está fora da linha para a
qual foi eleito?
SABATELLA - O Lula foi feito e
construído através do empenho dele, é claro, e dos movimentos populares. Com a
chegada do Lula, se acreditava numa democracia popular. Começou a ter isso num
determinado momento, mas
com o PAC, com essa política
de aceleração do crescimento, vai aumentar o trabalho
escravo, aumentar a prostituição infantil e não se faz
uma reforma agrária. Com o
PAC, há um retrocesso.
FOLHA - A sra. votou no Lula?
SABATELLA - Votei. Eu fiz
campanha pro Lula.
FOLHA - Se arrependeu?
SABATELLA - Não estou pensando nisso agora. Do lado de
quem eu estava, eu ainda estou. Esse ato do dom Cappio,
por mais que pareça radical e
insano, e na verdade não é, é
resposta do que se está sofrendo de radicalismo por
parte do governo, do poder
econômico. Nesse momento
é de se pensar: que horas que
o Lula vai se lembrar do seu
compromisso com o povo e
com o social? Como fazê-lo
se lembrar disso e acreditar
que existe esse apoio, e não
só a pressão econômica sobre o governo.
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