São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

Lula vs. Obama

economist.com
A cúpula seguiu "a batida do samba, mas com alguns fora do ritmo", afirma a "Economist"

A revista "Economist" fecha o ano com balanço da política externa brasileira a partir da cúpula na Bahia. Avalia que "o Brasil pode ser a potência em ascensão nas Américas, mas está descobrindo que a ambição diplomática pode causar ressentimento". Da cúpula em que "pela primeira vez todos os países da América Latina e do Caribe se encontraram sem a presença dos Estados Unidos ou de europeus", evidenciou-se "a mensagem: agora é o Brasil, com economia em crescimento e um presidente popular em Lula, e não os EUA a potência líder na região".
Mas o ressentimento ressurgiu na "substância" do encontro, sem acordo sobre tarifas no Mercosul ou sobre o secretário-geral da Unasul. Por fim, avisou a revista, a estrela da Cúpula das Américas em abril será Barack Obama, também ele "um líder popular". Quer dizer, "o Brasil se tornou de fato muito mais influente na região. Mas não é o único jogo na área".

UM GESTO DE RAÚL
Na manchete on-line do espanhol "El País", tanto na home page Nacional como na Global, "Raúl Castro propõe troca de presos para falar com Obama". Nas palavras do dirigente cubano, "troquemos gestos". Ele já estava em Brasília, em meio a enunciados pelo mundo como "Na Bahia, os latino-americanos demandam o fim do embargo contra Cuba", do "Le Monde".

À ESPERA DE OBAMA
Não é só em Brasília ou Havana que o silêncio do presidente eleito causa suspense. Em coluna ontem no "Miami Herald", Marifeli Perez-Stable, da organização Inter-American Dialogue, também se diz "Esperando a nova política sobre Cuba". Lembra que o embargo perdeu apoio majoritário nos EUA -e sugere dois gestos: permitir viagens e remessas para Cuba.

DIREITO?
granma.cubaweb.cu
No "Granma" de papel e no site, nem palavra sobre trocar prisioneiros com Obama. "Lula recebeu o presidente Raúl Castro" era a manchete on-line, com as "honras militares" em Brasília. No jornal (dir.), a "declaração final" da cúpula, transcrita quase integralmente, com destaque à "defesa do direito de todo Estado de construir seu próprio sistema político". No caso, a ditadura.

URIBE & CHÁVEZ
O privado "El Tiempo" da Colômbia e a estatal Agência Bolivariana da Venezuela destacaram o coincidente avanço legislativo das propostas de terceiro mandato aos respectivos Alvaro Uribe e Hugo Chávez. Sem citar seu projeto, o colombiano disse que é para manter a "segurança democrática". O venezuelano usou abaixo-assinado e terceiros para dizer que é a "vontade popular".

DEMOCRACIA...
O "NYT" vem produzindo reportagens sobre a relação de Obama com a mídia. Para a edição de hoje, "A comunicação direta", detalhando a estratégia do futuro governo de não depender da cobertura para levar suas mensagens aos americanos.

DIRETA
E na revista de domingo, mas também com texto já adiantado ontem pelo site, a maneira como a campanha democrata pôs de lado a cobertura de sites como Politico -e evitou até a tradicional visita à comissão editorial do "Washington Post".

QUEM PAGA BILL
Nas manchetes on-line de "New York Times", "Washington Post" e demais, os doadores da fundação de Bill Clinton. O primeiro sublinhou serem "magnatas" como Bill Gates e "países árabes". O "WP", falando em "países estrangeiros", destacou que as doações "representam conflitos potenciais de interesse que Hillary Clinton tem que evitar" como secretária de Estado.

A FARRA...
Nem deu tempo de confirmar se ainda existe indignação aparente no país -e, nas manchetes de Globo Online, Folha Online e outros sites, "Câmara enfrenta o Senado e se nega a promulgar a farra dos vereadores".
O Senado de Garibaldi Alves recorreu ao Supremo de Gilmar Mendes.

E A FARRA
Mas na corrida das manchetes de fim de ano de Brasília, a maioria foi para a economia. Na estatal Agência Brasil, "Congresso aprova orçamento com cortes". Na Reuters Brasil, "Banco Central reforça sinal de corte de juro".
Por fim, para fechar o ano, no UOL, "Aprovada compra da BrT pela Oi".


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@ - Nelson de Sá



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