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QUALIDADE DE VIDA
Desigualdade faz Brasil ter índice de "Islíndia"
Elite do país vive com padrão superior ao Islândia, enquanto os mais pobres têm qualidade de vida semelhante à da Índia
Pela primeira vez, Brasil aparece no relatório da ONU como o melhor dos Brics, grupo que também inclui
a Rússia, a Índia e a China
DA SUCURSAL DO RIO
Na década de 70, o economista Edmar Bacha utilizou o termo Belíndia (mistura de Bélgica e Índia) para descrever a desigualdade brasileira. No relatório deste ano, a ONU confirma que a elite do país vive num
padrão até superior ao da média da Bélgica, enquanto os
mais pobres se igualam à Índia.
Se fossem considerados apenas os brasileiros que se encontram entre os 20% mais ricos, o
país teria IDH superior ao da
média da Islândia, país de
maior desenvolvimento humano, e seu índice bateria no topo
da escala: 1,000.
Já considerando apenas os
20% mais pobres, o IDH do
Brasil estaria no mesmo patamar do verificado, na média,
para a Índia (0,600).
Analisando apenas a elite, os
20% mais ricos brasileiros chegam a ter um patamar de IDH
superior até ao dos 20% mais
ricos da Espanha, que não chegam a atingir o topo da escala.
Em compensação, os 20%
mais pobres da Espanha têm
padrão de desenvolvimento
humano próximo ao da média
de Cuba, país com IDH de
0,855, o que significa que, na
Espanha, os dois extremos se
encontram num patamar de alto desenvolvimento humano,
fato que não ocorre no Brasil.
O relatório deste ano alerta
também que países como Índia
e China, que têm verificado forte expansão de sua economia,
crescem num padrão de aumento significativo da desigualdade.
Extremos
A Islândia apareceu mais
uma vez no Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU
como país mais avançado, enquanto Serra Leoa foi o país
com pior índice.
Neste ano, o Brasil apareceu
pela primeira vez como o melhor dos Brics, sigla de Brasil,
Rússia, Índia e China usada para designar os países com potencial de se transformar em
potências mundiais em 2020.
O relatório da ONU destaca o
fato de o Brasil ainda ter níveis
de desigualdades altos e de Índia e China estarem crescendo
economicamente, mas aumentando sua desigualdade.
A análise dos indicadores
IDH mostra ainda que a riqueza nem sempre é compatível
com o nível de desenvolvimento humano. Os Estados Unidos,
por exemplo, vêm apresentando nos últimos 26 anos avanços
pífios em seu IDH.
Comparando apenas o grupo
de 75 nações para as quais há
dados comparáveis de 1980 a
2006, os Estados Unidos caem
da quarta posição no ranking
de 1980 para a 14ª em 2006.
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