São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Arruda favoreceu filhos de peemedebista

Empresa de filhos de Tadeu Filippelli recebeu do governo cerca de R$ 4 mi entre 2007 e 2009; deputado nega ingerência

Repasses para divulgação de vídeos do governo em aeroportos atingiram cifras milionárias com a aliança entre Filippelli e governador


FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na relação dos beneficiados com repasses milionários de recursos públicos sem licitação na área de publicidade do Distrito Federal, está uma empresa registrada em nome de dois filhos do deputado federal Tadeu Filippelli, cacique do PMDB na Câmara dos Deputados e presidente da sigla no DF.
A Aerochannel tem Bruno e Roberto Filippelli entre os sócios e ganhou cerca de R$ 4 milhões entre 2007 e 2009 para divulgar vídeos do governo do DF em aeroportos. Os repasses atingiram cifras milionárias à medida que o deputado Tadeu Filippelli se aproximou politicamente do governador José Roberto Arruda (ex-DEM).
Em 2007, quando Filippelli fazia oposição ao governo local, a empresa dos filhos dele ganhou R$ 169 mil. Os repasses saltaram para R$ 1,5 milhão em 2008, ano em que o deputado se aliou oficialmente ao governo, indicando cargos na cúpula Novacap (Companhia Urbanizadora do Distrito Federal).
Já em 2009, até novembro, a Aerochannel contabilizou repasses de R$ 2,7 milhões. Neste ano Filippelli mobilizou a cúpula nacional do PMDB para minar o poder de Joaquim Roriz no partido, o que o forçou a trocar a legenda pelo PSC.
Todas as cifras foram coletadas pela Folha no bolo de ordens bancárias emitidas pelo governo do DF em nome de quatro diferentes empresas de publicidade nas quais a Aerochannel aparece listada no campo "finalidade". O caminho do dinheiro é o seguinte: os recursos caem na conta de agências vencedoras de concorrência pública, contratadas oficialmente para cuidar da publicidade, que, por sua vez, subcontratam outras empresas, algumas indicadas por membros do próprio governo.
O deputado Filippelli nega qualquer ingerência em favor da empresa dos filhos e afirma que a evolução dos repasses é proporcional ao montante total destinado pelo governo à publicidade no período.
O governo alega que se trata de um veículo de comunicação e, portanto, os repasses precisam ser feitos por meio das empresas vencedoras de licitação.
A agência que mais repassou recursos (cerca de R$ 2,7 milhões) para a Aerochannel, dos irmãos Filippelli, foi a AV Comunicação, registrada em nome dos filhos de Haroldo Meira. Meira é citado por Durval Barbosa, o autor das denúncias do mensalão do DEM, como dono da empresa que subcontratou a Notabillis, agência que teve entre os sócios o filho do governador José Roberto Arruda e o assessor de imprensa Omézio Pontes, alvo da operação da Polícia Federal.
Notas fiscais apresentadas à PF revelaram que a empresa do filho de Arruda recebeu R$ 604 mil do esquema entre 2003 e 2005, via Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central), à época presidida por Durval Barbosa.
Ao Ministério Público do DF Barbosa afirmou ter sido Arruda quem lhe pediu para contratar a Notabilis. Segundo o denunciante, todas as despesas da campanha de Arruda em 2006 "foram pagas com dinheiro arrecadado de prestadores de serviço do GDF [governo do Distrito Federal]".
O nome de Tadeu Filippelli também foi citado por Barbosa numa das conversas gravadas pelo denunciante. O vídeo mostra Barbosa e o empresário Alcyr Collaço, flagrado colocando dinheiro na cueca, comentando que quatro integrantes da cúpula do PMDB teriam dividido R$ 1 milhão.
Além de Filippelli, também são citados Michel Temer (SP), presidente da Câmara e principal nome do PMDB para compor a chapa com Dilma Rousseff, o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e Eduardo Cunha (RJ). Os quatro rechaçaram as declarações e entraram com processo contra o empresário.


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