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Arruda favoreceu filhos de peemedebista
Empresa de filhos de Tadeu Filippelli recebeu do governo cerca de R$ 4 mi entre 2007 e 2009; deputado nega ingerência
Repasses para divulgação
de vídeos do governo em aeroportos atingiram cifras milionárias com a aliança entre Filippelli e governador
FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na relação dos beneficiados
com repasses milionários de
recursos públicos sem licitação
na área de publicidade do Distrito Federal, está uma empresa registrada em nome de dois
filhos do deputado federal Tadeu Filippelli, cacique do
PMDB na Câmara dos Deputados e presidente da sigla no DF.
A Aerochannel tem Bruno e
Roberto Filippelli entre os sócios e ganhou cerca de R$ 4 milhões entre 2007 e 2009 para
divulgar vídeos do governo do
DF em aeroportos. Os repasses
atingiram cifras milionárias à
medida que o deputado Tadeu
Filippelli se aproximou politicamente do governador José
Roberto Arruda (ex-DEM).
Em 2007, quando Filippelli
fazia oposição ao governo local,
a empresa dos filhos dele ganhou R$ 169 mil. Os repasses
saltaram para R$ 1,5 milhão em
2008, ano em que o deputado
se aliou oficialmente ao governo, indicando cargos na cúpula
Novacap (Companhia Urbanizadora do Distrito Federal).
Já em 2009, até novembro, a
Aerochannel contabilizou repasses de R$ 2,7 milhões. Neste
ano Filippelli mobilizou a cúpula nacional do PMDB para
minar o poder de Joaquim Roriz no partido, o que o forçou a
trocar a legenda pelo PSC.
Todas as cifras foram coletadas pela Folha no bolo de ordens bancárias emitidas pelo
governo do DF em nome de
quatro diferentes empresas de
publicidade nas quais a Aerochannel aparece listada no
campo "finalidade". O caminho
do dinheiro é o seguinte: os recursos caem na conta de agências vencedoras de concorrência pública, contratadas oficialmente para cuidar da publicidade, que, por sua vez, subcontratam outras empresas, algumas indicadas por membros do
próprio governo.
O deputado Filippelli nega
qualquer ingerência em favor
da empresa dos filhos e afirma
que a evolução dos repasses é
proporcional ao montante total destinado pelo governo à
publicidade no período.
O governo alega que se trata
de um veículo de comunicação
e, portanto, os repasses precisam ser feitos por meio das empresas vencedoras de licitação.
A agência que mais repassou
recursos (cerca de R$ 2,7 milhões) para a Aerochannel, dos
irmãos Filippelli, foi a AV Comunicação, registrada em nome dos filhos de Haroldo Meira. Meira é citado por Durval
Barbosa, o autor das denúncias
do mensalão do DEM, como
dono da empresa que subcontratou a Notabillis, agência que
teve entre os sócios o filho do
governador José Roberto Arruda e o assessor de imprensa
Omézio Pontes, alvo da operação da Polícia Federal.
Notas fiscais apresentadas à
PF revelaram que a empresa do
filho de Arruda recebeu R$ 604
mil do esquema entre 2003 e
2005, via Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do
Planalto Central), à época presidida por Durval Barbosa.
Ao Ministério Público do DF
Barbosa afirmou ter sido Arruda quem lhe pediu para contratar a Notabilis. Segundo o denunciante, todas as despesas
da campanha de Arruda em
2006 "foram pagas com dinheiro arrecadado de prestadores de serviço do GDF [governo do Distrito Federal]".
O nome de Tadeu Filippelli
também foi citado por Barbosa
numa das conversas gravadas
pelo denunciante. O vídeo
mostra Barbosa e o empresário
Alcyr Collaço, flagrado colocando dinheiro na cueca, comentando que quatro integrantes da cúpula do PMDB teriam dividido R$ 1 milhão.
Além de Filippelli, também
são citados Michel Temer (SP),
presidente da Câmara e principal nome do PMDB para compor a chapa com Dilma Rousseff, o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves
(RN), e Eduardo Cunha (RJ).
Os quatro rechaçaram as declarações e entraram com processo contra o empresário.
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