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Filho de Sarney desiste de ação contra jornal
Diretor de "O Estado de S. Paulo" diz que censura ainda não foi retirada; Fernando Sarney afirma que nunca quis restringir liberdade de imprensa
Enquanto não houver uma decisão, a censura continua em vigor -o caso só deve ser analisado em janeiro; ANJ comemora a desistência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP), anunciou ontem ter desistido da ação que
mantém "O Estado de S. Paulo"
há 141 dias sob censura. Disse
que tomou a decisão em nome
da liberdade de imprensa.
Em julho passado, a pedido
do empresário, o Tribunal de
Justiça do Distrito Federal
concedeu liminar proibindo o
jornal de publicar informações
sobre a Operação Boi Barrica,
da Polícia Federal, que tem em
Fernando Sarney um dos investigados. O empresário foi indiciado por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
O diretor de conteúdo do
"Estado", Ricardo Gandour,
disse que "enquanto a Justiça
não efetivar a retirada da ação
há somente uma intenção, e a
censura continua". "O empresário nos pegou de surpresa,
numa sexta-feira, véspera do
recesso do Judiciário", disse.
A decisão de Fernando Sarney foi anunciada por meio de
uma nota. "Infelizmente meu
gesto individual de cidadão teve, independente de minha
vontade, interpretação equívoca de restringir a liberdade de
imprensa, o que jamais poderia
ser meu objetivo. Para reafirmar esta minha convicção e jamais restar qualquer dúvida sobre ela, resolvi tomar esta atitude", diz o texto.
O advogado Eduardo Ferrão,
que defende o empresário, afirmou que a ação só será arquivada quando o jornal se manifestar pela desistência formalmente no processo. Os advogados do jornal devem definir os
próximos passos com a confirmação de que a petição do empresário foi protocolada. Enquanto não houver decisão judicial, a censura continua em
vigor. A análise do pedido deve
ser feita apenas em janeiro.
O texto de Fernando Sarney
afirma que "a ação foi necessária" para a defesa de seus "direitos individuais". O diretor do
"Estado" contestou alguns
pontos da nota do empresário,
afirmando que "o jornal não
violou nada, veiculou informações de interesse público obtidas por meios legítimos".
A ANJ (Associação Nacional
de Jornais) emitiu nota manifestando satisfação com a desistência da ação.
"A ANJ sempre se posicionou contra essa ação de censura prévia, que afrontava o direito da sociedade de ser livremente informada", afirmou a
presidente da entidade, Judith
Brito.
O empresário nega todas as
acusações levantadas pela Polícia Federal.
No início deste mês, o Supremo Tribunal Federal rejeitou
pedido do "Estado" para que
pudesse publicar trechos do inquérito da PF e dos grampos da
operação.
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