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Na oposição, Dirceu defendeu Ministério Público
DA REPORTAGEM LOCAL
Na oposição, o hoje ministro da
Casa Civil, José Dirceu (PT-SP),
denunciou o "autoritarismo" do
então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), acusado
por ele de tentar "silenciar" e de
"intimidar" o Ministério Público.
As recentes declarações de Dirceu vão na contracorrente do que
ele pregou em entrevistas ou artigos no passado. Em 1994, quando
disputou o governo de São Paulo,
Dirceu afirmou que entre suas
prioridades estava a recuperação
da autonomia do Ministério Público que, segundo ele, teria sido
"aniquilada" pelos ex-governadores Orestes Quércia (1986-1990) e
Luiz Antonio Fleury Filho (1990-1994) -Dirceu perdeu a eleição.
Dois anos depois, escreveu para
a Folha o artigo "A lógica do autoritarismo". Nele, Dirceu criticou
Fernando Henrique, a quem acusou de trilhar um caminho "sem
limites" para o autoritarismo.
"Mas o mais grave", disse o petista, "é a ação oficial de manter sucateada a Polícia Federal e silenciar o Ministério Público, paralisando inquéritos de corrupção".
Dirceu concluiu o texto defendendo a independência do Ministério Público como instrumento
de manutenção da democracia.
Em 1999, quando a Câmara
aprovou a "Lei da Mordaça", que
proibia promotores e procuradores de darem informações sobre
processos em investigação, Dirceu assumiu a defesa do Ministério Público. "A ameaça à democracia não é o Ministério Público,
mas o crime organizado, a corrupção", disse o petista, que viu
no projeto uma tentativa de "intimidar e acuar" o órgão.
Em outro artigo, publicado na
Folha em 2000, Dirceu atribuiu a
FHC uma tentativa de abafar denúncias contra integrantes do governo tucano e de desqualificar
um pedido de CPI apresentado
pelo PT. No final do texto, Dirceu
convocou FHC à reflexão: "Melhor é fazer a CPI, caso contrário,
fica patente para todo o país: o
presidente da República não quer
a CPI porque esconde a verdade e
teme a Justiça, ou seja, esconde e
teme sua própria culpa".
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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