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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO CUBANA
Segundo a CPI, Éder de Macedo, que teria carregado dólares de Cuba para petistas, também teve despesas pagas por escritório de advogado do partido
Motorista do "caso Cuba" teve ajuda do PT
LUIZ FRANCISCO
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O motorista Éder Eustáquio
Soares de Macedo, que teria
transportado dólares vindos de
Cuba para a campanha petista em
2002, recebeu -antes de depor
ontem na CPI dos Bingos- assessoria do advogado do PT Hélio
Silveira, que também defende na
comissão Ademirson Ariovaldo
da Silva, assessor do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). O
escritório de Silveira ainda pagou,
segundo a CPI, a hospedagem de
Macedo em Brasília.
Motorista do Ministério da Fazenda no Rio, Macedo disse que
foi indicado para o cargo por
Ademirson em 2003. O escritório
de Silveira pagou a hospedagem
dele, de Macedo e da advogada
que o assessorou no depoimento,
Stela Cristina Nakazato, no hotel
Mercure de Brasília. O gasto foi de
R$ 476,79, diz a CPI. Nakazato
também já trabalhou para o PT.
Em outubro de 2005, a revista
"Veja" publicou que Vladimir Poleto, assessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) em
2001, afirmou ter transportado
US$ 1,4 milhão, dinheiro vindo de
Cuba para campanha petista em
2002. Poleto voltou atrás e negou.
Ex-secretário de Palocci também na prefeitura (1993 e 1994),
Rogério Buratti diz que foram
transportados US$ 3 milhões.
Disse ter ouvido a história de Ralf
Barquete, ex-secretário de Palocci
em 2001. Barquete morreu em
2004. Poleto nega que fosse dinheiro o material transportado.
Então taxista em São Paulo, Macedo foi contratado para dirigir o
Ômega que levou Barquete ao aeroporto de Campinas. "Não posso confirmar [se tinha dinheiro].
Não desci do veículo. O doutor
Ralf, que Deus o tenha, pediu para
abrir o porta-malas. Apertei um
botão no porta-luvas."
Segundo ele, do aeroporto
Amarais, onde as caixas foram
embarcadas, Poleto e Barquete
pararam na churrascaria Montana Grill, em São Paulo. Novamente, Macedo diz ter aberto o porta-malas sem sair do carro. Barquete
voltou e, segundo Macedo, pediu
para que o motorista levasse Poleto ao aeroporto de Congonhas.
Muito nervoso na CPI, Macedo
reconheceu que mentiu ao menos
duas vezes à comissão. Vice-presidente da CPI, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), médico, disse que Macedo estava sob
efeitos de tranqüilizantes. O motorista disse ter tomado diurético.
No começo, disse que havia conhecido Hélio Silveira no comitê
eleitoral de 2002, quando era motorista de táxi na cidade. Depois,
voltou atrás e afirmou que manteve contato pela primeira vez com
o advogado logo após a publicação da revista "Veja". Silveira e
outros dois funcionários da Fazenda acompanharam grande
parte do depoimento de Macedo.
No final, Macedo disse que só anteontem conheceu o advogado.
O motorista não soube explicar
quem pagou a diária do hotel em
que ficou hospedado. A oposição
deixou a sessão com a certeza de
que Macedo foi orientado pelo
PT. "Está na cara que o PT está
por trás, pagando as despesas
com advogado e hotel", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Irritado com as contradições,
Dias disse que a CPI deve convocar Palocci para depor. "A corda
tem de arrebentar do lado mais
forte. O silêncio do depoente [Macedo] é comprometedor, o que
coloca sob suspeita o ministro."
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