São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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De olho em 2010, Serra dá a Alckmin secretaria em SP

Ex-governador comandará pasta do Desenvolvimento, com verba de R$ 2 bilhões

Reaproximação dos dois tucanos fortalece Serra no âmbito nacional como o nome do PSDB à sucessão de Lula no próximo ano

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
José Serra (à dir.) anuncia Geraldo Alckmin como novo secretário no Palácio dos Bandeirantes

FERNANDO BARROS DE MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi apresentado ontem pelo atual ocupante do Palácio dos Bandeirantes, o também tucano José Serra, como o novo secretário de Desenvolvimento do Estado no lugar de Alberto Goldman, atual vice-governador paulista.
Alckmin estava sem cargo público desde março de 2006, quando, após uma disputa partidária com Serra, então prefeito de São Paulo, deixou o palácio para concorrer à Presidência e ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No ano passado, Alckmin não chegou nem ao segundo turno da eleição para prefeito em São Paulo, após ter desafiado o grupo de Serra, que defendia o apoio do PSDB à reeleição de Gilberto Kassab (DEM). Ele vinha atuando como médico acupunturista e professor.
Durante o anúncio, houve troca de afagos entre eles. O governador disse que seria uma honra contar com um político com "a experiência e a capacidade" de Alckmin, que, por sua vez, elogiou Serra e o chamou de "companheiro".
A reaproximação fortalece ainda mais Serra na disputa tucana pelo direito de concorrer à sucessão de Lula em 2010.
"Venho para somar, unir e trabalhar", disse Alckmin, que reconheceu o favoritismo do governador paulista. "Se da própria eleição presidencial, na qual Serra desponta como importante candidato, não é hora de se tratar [desse assunto], imagine da eleição estadual", disse, após ter sido questionado se concorrerá ao Bandeirantes.
Segundo Serra, a escolha pode funcionar como antídoto contra sua imagem de "desagregador". Embora negando divergências internas, o governador afirmou ainda que, "para o público externo, existe a imagem de fissura partidária".
"É um fato político importante. Um sinal de maturidade e grandeza de Serra e Alckmin, que certamente será bem aceito, não apenas pelo PSDB, mas também pelos paulistas em geral", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
À frente da pasta, o ex-governador controlará projetos importantes. Os investimentos previstos para este ano se aproximam de R$ 2 bilhões.

Aécio Neves
No ano passado, Alckmin chegou a defender eleições prévias como mecanismo de escolha do próximo presidenciável do PSDB, já que o governador de Minas, Aécio Neves, com quem ele mantém uma boa relação, também é postulante. O partido já consultou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre a possibilidade das prévias antes das convenções.
O mineiro cumprimentou Alckmin: "Ganha o governo e São Paulo, que passarão a ter um colaborador de altíssimo nível", disse Aécio em nota. Mas, dentro do Bandeirantes, Alckmin terá de trabalhar pelo paulista. Em contrapartida, o cargo dará a ele mais chance de fortalecer sua candidatura ao governo em 2010.


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