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Lula responderá sobre caso Battisti ao presidente da Itália por carta
Contrariado por carta do governo italiano ter vazado, petista deve ser protocolar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva responderá nos próximos dias, também por carta,
ao apelo do presidente italiano,
Giorgio Napolitano, para que o
governo brasileiro reveja a decisão de dar refúgio a Cesare
Battisti, ex-militante do PAC
(Proletários Armados pelo Comunismo). A resposta deverá
ser protocolar, já que o próprio
Lula defendeu a decisão.
No sábado, o embaixador da
Itália em Brasília, Michele Valensise, entregou a um assessor
de Lula a carta de Napolitano
em que reclama dos motivos
alegados pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, para negar a
extradição e conceder refúgio a
Battisti, contrariando decisão
do Conare (Comitê Nacional
para os Refugiados).
Lula não gostou de saber que
o conteúdo da carta já havia sido divulgado pela imprensa italiana antes de ele receber o texto. Seu descontentamento ficou evidente na resposta dada
ontem pelo porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach.
"A carta foi recebida sábado à
tarde (...). Se a forma escolhida
pelo governo italiano foi uma
carta, o natural é que seja respondida por outra (...). Nós não
pretendemos antecipar qual
será o conteúdo, ela será mandada ao governo italiano, e cabe
ao governo italiano, se achar
necessário, divulgá-la."
Com a decisão em seu favor,
Battisti, preso por determinação do STF (Supremo Tribunal
Federal), onde corre seu processo de extradição a pedido do
governo da Itália, deveria ser
solto. Pelo entendimento do
STF, o status de refugiado político deveria inviabilizar a possibilidade de extradição.
No entanto, ao analisar pedido de liberdade protocolado
pela defesa de Battisti, o presidente do STF, ministro Gilmar
Mendes, adiou sua decisão e
pediu que a Procuradoria Geral
da República se manifestasse
sobre o caso. Mendes afirmou
que era a primeira vez que o
STF se deparava com uma decisão do ministro contrária ao
entendimento do Conare, fato
que precisaria de maior análise.
Segundo a Folha apurou, a
única forma de invalidar a decisão do governo brasileiro seria
declarar inconstitucional a lei
9.474, de 1997, que define o
processo de concessão de refúgio, legislação em que se baseou Tarso para contrariar o
entendimento do Conare. Para
isso, no entanto, o STF precisa
reunir todos os ministros, que
estão em recesso e só voltam ao
trabalho no próximo mês.
Para assessores de Tarso, falando sob anonimato, se isso
ocorrer, haverá um choque entre os Poderes, pois consideram a hipótese um "precedente
perigoso". Caso o Supremo decida extraditar Battisti, cabe
constitucionalmente a Lula
confirmar ou não a decisão.
O embaixador Valensise pediu audiência com Gilmar
Mendes e deve ser recebido hoje.
(SIMONE IGLESIAS, FELIPE SELIGMAN E LUCAS FERRAZ)
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