|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dilma politiza discurso e diz que PSDB quer o fim do PAC
Em Minas, ministra chora ao lembrar que nasceu no Estado e elogia o "parceiro" Aécio
Pré-candidata petista ao Planalto diz, ao inaugurar barragem, que "vira e mexe" a oposição "quer acabar com programas do governo Lula"
FERNANDO BARROS DE MELLO
ENVIADO ESPECIAL A ARAÇUAÍ (MG)
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JENIPAPO DE MINAS
Ao lado do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil),
pré-candidata do PT ao Planalto, apontou ontem risco de "retrocesso" caso a oposição vença
a eleição deste ano e disse que o
PSDB quer acabar com o PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento). Em resposta, os
tucanos acusaram a ministra
de "propagar mentiras".
A estratégia do PT é espalhar
o possível fim de políticas sociais de Lula em caso de derrota. O PSDB fez o mesmo na
campanha de 2002, advertindo
que uma vitória de Lula poderia trazer de volta a inflação.
No palanque em Araçuaí
(MG), no Vale do Jequitinhonha, Dilma discursou para cerca de 500 pessoas na inauguração de uma escola técnica. Ela
afirmou que era "importante
estar atento para não permitir
que haja qualquer tentativa de
acabar com alguns programas".
Ela se referia a uma entrevista recente à revista "Veja", na
qual o presidente nacional do
PSDB, Sérgio Guerra, criticou o
PAC: "As estradas estão esburacadas, os aeroportos estão na
iminência de outro apagão, a
infraestrutura de transportes,
como os portos, foi entregue a
políticos e a grupos de pressão.
Isso é o PAC na realidade, e nós
vamos acabar com ele".
Dilma repetiu o mesmo discurso em Jenipapo de Minas,
para 3.000 pessoas: "Vira e mexe eles quiseram acabar com alguns programas do governo
Lula. Em 2006, era o Bolsa Família. Agora, em 2010, o objetivo é acabar com obras como essa, que hoje nós estamos aqui
inaugurando. E isso nós não vamos deixar". O discurso de Dilma revoltou os tucanos, que
não defenderam o fim do Bolsa
Família em 2006.
Em Araçuaí, Dilma criticou o
governo FHC: "Foi feito um decreto, antes do nosso governo,
proibindo o governo federal de
investir em escola técnica". E
acrescentou que o atual governo irá "fazer mais escolas técnicas do que foi feito ao longo de
toda a história do nosso país"
-repetindo o bordão de Lula.
No discurso, feito num local
coberto de poeira, a ministra
engasgou quatro vezes. Faixas
pediam a pavimentação de trechos da BR-367, e coube a Dilma anunciar que Lula autorizou a inclusão da obra no PAC.
Em Jenipapo de Minas, Dilma inaugurou a barragem do
rio Setúbal, incluída no PAC e
construída em parceria com o
governo de Minas, ao custo de
R$ 204 milhões. Ela dedicou
dois minutos do discurso para
explicar que é mineira. Ao final,
chorou ao dizer que "a gente
pode sair do Estado em que a
gente nasce, mas ele não sai da
nossa alma e do nosso coração".
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), não
esteve no palanque, mas Dilma
o elogiou, dizendo que ele tem
sido "parceiro exemplar, republicano, do governo federal, e
tem conosco enfrentado esse
desafio que é mudar o Brasil".
Mas outro Aécio foi à festa, o
prefeito de Araçuaí, Aécio Jardim (PDT), ex-tucano. Ele foi
vaiado em vários momentos.
Lula pediu o fim das vaias: "A
minha preocupação é que, ao
invés de a imprensa enaltecer a
inauguração da escola, vai enaltecer a vaia no prefeito".
O presidente repetiu que fará
o sucessor: "Que me desculpem
os adversários, mas nós vamos
ganhar para poder ter continuidade nessas coisas". Mas reclamou de que as pessoas ficaram
muito tempo sob o sol em Araçuaí: "Como temos mais cem
escolas para inaugurar, é importante que a gente não cometa mais esses equívocos".
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: É importante inaugurar o máximo possível, diz Lula Índice
|