São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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Dilma politiza discurso e diz que PSDB quer o fim do PAC

Em Minas, ministra chora ao lembrar que nasceu no Estado e elogia o "parceiro" Aécio

Pré-candidata petista ao Planalto diz, ao inaugurar barragem, que "vira e mexe" a oposição "quer acabar com programas do governo Lula"


FERNANDO BARROS DE MELLO
ENVIADO ESPECIAL A ARAÇUAÍ (MG)
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JENIPAPO DE MINAS

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT ao Planalto, apontou ontem risco de "retrocesso" caso a oposição vença a eleição deste ano e disse que o PSDB quer acabar com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Em resposta, os tucanos acusaram a ministra de "propagar mentiras".
A estratégia do PT é espalhar o possível fim de políticas sociais de Lula em caso de derrota. O PSDB fez o mesmo na campanha de 2002, advertindo que uma vitória de Lula poderia trazer de volta a inflação.
No palanque em Araçuaí (MG), no Vale do Jequitinhonha, Dilma discursou para cerca de 500 pessoas na inauguração de uma escola técnica. Ela afirmou que era "importante estar atento para não permitir que haja qualquer tentativa de acabar com alguns programas".
Ela se referia a uma entrevista recente à revista "Veja", na qual o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, criticou o PAC: "As estradas estão esburacadas, os aeroportos estão na iminência de outro apagão, a infraestrutura de transportes, como os portos, foi entregue a políticos e a grupos de pressão. Isso é o PAC na realidade, e nós vamos acabar com ele".
Dilma repetiu o mesmo discurso em Jenipapo de Minas, para 3.000 pessoas: "Vira e mexe eles quiseram acabar com alguns programas do governo Lula. Em 2006, era o Bolsa Família. Agora, em 2010, o objetivo é acabar com obras como essa, que hoje nós estamos aqui inaugurando. E isso nós não vamos deixar". O discurso de Dilma revoltou os tucanos, que não defenderam o fim do Bolsa Família em 2006.
Em Araçuaí, Dilma criticou o governo FHC: "Foi feito um decreto, antes do nosso governo, proibindo o governo federal de investir em escola técnica". E acrescentou que o atual governo irá "fazer mais escolas técnicas do que foi feito ao longo de toda a história do nosso país" -repetindo o bordão de Lula.
No discurso, feito num local coberto de poeira, a ministra engasgou quatro vezes. Faixas pediam a pavimentação de trechos da BR-367, e coube a Dilma anunciar que Lula autorizou a inclusão da obra no PAC.
Em Jenipapo de Minas, Dilma inaugurou a barragem do rio Setúbal, incluída no PAC e construída em parceria com o governo de Minas, ao custo de R$ 204 milhões. Ela dedicou dois minutos do discurso para explicar que é mineira. Ao final, chorou ao dizer que "a gente pode sair do Estado em que a gente nasce, mas ele não sai da nossa alma e do nosso coração".
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), não esteve no palanque, mas Dilma o elogiou, dizendo que ele tem sido "parceiro exemplar, republicano, do governo federal, e tem conosco enfrentado esse desafio que é mudar o Brasil".
Mas outro Aécio foi à festa, o prefeito de Araçuaí, Aécio Jardim (PDT), ex-tucano. Ele foi vaiado em vários momentos. Lula pediu o fim das vaias: "A minha preocupação é que, ao invés de a imprensa enaltecer a inauguração da escola, vai enaltecer a vaia no prefeito".
O presidente repetiu que fará o sucessor: "Que me desculpem os adversários, mas nós vamos ganhar para poder ter continuidade nessas coisas". Mas reclamou de que as pessoas ficaram muito tempo sob o sol em Araçuaí: "Como temos mais cem escolas para inaugurar, é importante que a gente não cometa mais esses equívocos".


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