São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Ministério Público Federal faz pedido à Justiça, em investigação que investiga envolvimento do ex-assessor com bingos no Rio

Justiça analisa quebra de sigilo de ex-assessor

FERNANDA DA ESCÓSSIA
FABIANA CIMIERI
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

Em mais uma investigação envolvendo bingos no Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal pediu ontem a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico do ex-assessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz.
O pedido foi feito pelo procurador José Augusto Vagos, num inquérito iniciado em 2001 para investigar bingos e agentes públicos. O inquérito, ainda em curso, apura suposta movimentação financeira irregular no bingo Scala e se houve omissão da Loterj na fiscalização do jogo.
Waldomiro presidiu a Loterj em 2001 e 2002. O Ministério Público também pediu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do antecessor de Waldomiro no cargo, Daniel Homem de Carvalho, que dirigiu o órgão em 1999 e 2000.
O pedido de quebra de sigilo é referente ao período em que cada um deles ficou à frente da Loterj. "Que houve omissão da Loterj não há dúvida. Queremos saber agora até onde vai essa omissão", afirmou o procurador.
Waldomiro foi demitido do governo federal há uma semana, depois da divulgação de um vídeo em que aparece cobrando propina do empresário do bingo Carlos Augusto Pereira Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e pedindo dinheiro para as campanhas de Benedita da Silva (PT) e Rosinha Garotinho (PMDB) ao governo do Rio, em 2002. À época, Waldomiro presidia a Loterj.
A fita chegou ao Ministério Público Federal em Brasília. Desde então, o ex-assessor é alvo de mais duas investigações, uma no Ministério Público Federal no Rio, que apura seu suposto envolvimento em lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas, e uma na PF (Polícia Federal), que apura corrupção ativa, passiva e crime eleitoral.

Conivência
Em setembro de 2003, o Ministério Público no Rio conseguiu uma operação de busca e apreensão na sede da Loterj com a alegação da existência de indícios de conivência da estatal com atividades ilícitas dos bingos.
A Loterj obteve uma liminar no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, e o Ministério Público Federal teve de devolver toda a documentação apreendida.
Vagos disse que o pedido de quebra de sigilo não tem relação com o escândalo da fita, pelo contrário, chegou a ser feito no ano passado, mas ele optou por adiá-lo para depois da busca na Loterj. Com a devolução dos documentos, a quebra de sigilo acabou adiada por mais tempo.
O procurador disse que pedirá cópias dos depoimentos já tomados em Brasília pelo Ministério Público, com mais indicações sobre supostas ligações de Waldomiro com empresários de bingo.
O pedido de quebra de sigilo foi enviado para a 5ª Vara Federal, mas só deve ser analisado hoje.


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