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SOMBRA NO PLANALTO
Envolvimento de deputado federal do PL do Rio com Waldomiro Diniz motivou decisão, anunciada em programa da TV Record
Bispo Rodrigues é afastado da Igreja Universal
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ), um dos articuladores do apoio da Igreja Universal do Reino de Deus à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva em
2002, foi afastado de suas funções
de bispo e da coordenação política da igreja por determinação do
seu Conselho de Bispos.
O motivo da decisão foi o envolvimento de Rodrigues com Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares do Planalto, que apareceu em gravação pedindo propina ao empresário de
bingo Carlos Augusto de Almeida
Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Em carta divulgada anteontem,
o conselho diz que tomou a decisão "em respeito à população e
por estar comprometido com a
verdade e a transparência dos fatos". A decisão, segundo a igreja,
foi motivada por reportagem do
jornal "O Dia", do dia 15, que diz
que Rodrigues teria sido o responsável pela indicação de Waldomiro à Loteria do Estado do
Rio de Janeiro, o que ele nega.
Rodrigues e Waldomiro se conheceram em 1998. Na época,
Waldomiro era assessor do então
governador Cristovam Buarque
(PT-DF). Na Loterj, Rodrigues indicou os diretores administrativo
e de operações, exonerados por
Benedita da Silva (PT) ao assumir
o governo do Rio (abril de 2002).
Ontem, uma reportagem do
"Jornal Nacional" afirmou que o
motivo do afastamento foi um depoimento do chefe-de-gabinete
do deputado estadual Marcos
Abrahão (PDT-RJ), Jorge Luiz
Dias, acusando Rodrigues de participar de um esquema de desvio
de verbas publicitárias na Loterj.
Dias prestou depoimento em
maio de 2003 ao Ministério Público Estadual. Ele afirmou que Rodrigues foi o responsável pela nomeação de Waldomiro à Loterj.
Ele contou que, em 2001, quando era chefe-de-gabinete do deputado estadual e pastor Valdeci
Paiva (PSL-RJ), ia mensalmente a
uma empresa de publicidade que
prestava serviços à Loterj para receber cheques, no valor médio de
R$ 100 mil, a serem repassados a
Paiva e Rodrigues. Dias disse que,
no início, acreditava ser contribuição para campanhas eleitorais
e que só após o assassinato do
pastor, em janeiro de 2003, teria
descoberto que se tratava de um
esquema de desvio de verbas.
A Folha não conseguiu confirmar com a igreja o caso.
Abrahão, à época suplente de
Valdeci, foi suspeito de ser o mandante da morte do pastor. A suspeita foi levantada por Rodrigues.
Rodrigues disse à Folha que
soube por telefone da decisão do
Conselho de Bispos. Ele considerou a medida "forte", mas correta.
Anteontem, Rodrigues afirmou
que conversou por duas ou três
vezes com Carlinhos Cachoeira,
mas que não se lembra bem do
teor das conversas.
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