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TODA MÍDIA
NELSON DE SÁ
Pop pop pop
Nestes dias em que até a
blogosfera brasiliense, de
Josias de Souza a Ricardo Noblat, se volta para os megashows
de música pop, em "live blogging" e tudo mais, "Lula fala sobre biodiesel com Bono".
Era o curioso enunciado da
Folha Online, em submanchete.
Na manchete de Globo Online e
outros sites, "Bono e Lula discutem desigualdade".
Em campanha aberta, o petista não poderia pedir mais. São
bandeiras suas, energia e Fome
Zero. Mas ele ganhou mais de
Bono, que parou na entrada da
Granja do Torto e saiu dizendo,
segundo a Folha Online:
- É um sonho estar aqui, porque Lula luta não só contra a pobreza [no Brasil], mas também
contra a pobreza no mundo.
Globo, ainda que sem maior
destaque no "Fantástico", e canais de notícias também acompanharam a "photo-op". A Globo News registrou:
- Segundo a Presidência da
República, foi o líder da banda
U2 quem pediu o encontro.
Em sites do "New York Times" ao argentino "La Nación",
os despachos noticiavam, com
destaque variado, o encontro do
"cantor e ativista social Bono"
com o presidente e Gilberto Gil,
"famoso como popstar antes de
entrar para o governo".
A britânica Reuters sublinhou
que um dos fãs que esperavam o
irlandês Bono Vox, na Granja
do Torto, carregava um cartaz
que dizia "Bono para presidente
das Nações Unidas".
Primeiro os fundadores do
Google, agora Bono. Sem falar
de George W. Bush no discurso
sobre "o estado da união" e tudo
o que viu em seguida.
Com o biocombustível dado
como panacéia, o ministro Luiz
Furlan aproveitou e, num dossiê
da BBC Brasil, anunciou que o
"Brasil quer entrar no mercado
americano de etanol".
Disse que o secretário de Comércio dos EUA, no Fórum de
Davos em que Bono foi estrela,
"perguntou se o Brasil teria condição de abastecer eventual aumento de demanda dos EUA".
Ele prometeu que "sim".
E tome "amor" pela energia
do Brasil, agora a Petrobras. Do
"Financial Times", ontem:
- Wall Street ama a Petrobras
-a estatal de petróleo que registrou lucros recordes na sexta.
Em dólar, os lucros da Petrobras
foram não só 40% maiores que
em 2004, mas os mais altos já registrados por uma corporação
latino-americana.
Não vai faltar dinheiro para o
gasoduto sul-americano, avalia
o jornal financeiro.
A MELHOR FESTA DO MUNDO
Até Larry Rohter, do "New
York Times", foi
à "melhor festa
do mundo", como descreveu
Mick Jagger em
português, falando ao público no
Rio. Foi "a melhor", não necessariamente a
maior, na controvérsia que
correu mundo. Para Cid Moreira, no "Fantástico", foi "o
maior concerto da história". Para Glória Maria, "o maior
público já registrado num show de rock".
Mas o britânico "Sunday Telegraph" se perguntou, no
título, "O maior bang?". Os números foram variados, de
"mais de 1 milhão" na Globo a 1,5 milhão no "NYT" e até
2 milhões no "Observer", de Londres. Como sublinhou
Rohter, "o show foi anunciado como o maior show pop
da história", mas "o Guinness dá o posto para outro aqui,
com Rod Stewart, que teria atraído 3,5 milhões". E talvez
nem exista espaço para tanta gente.
O "Sunday Times" contornou o problema falando em
"maior festa de praia do mundo". Jagger foi mais simples, "a melhor festa do mundo".
A blogosfera andou pelo Rio -e não apenas no camarote com a revoada de políticos e jornalistas de Brasília.
Sites como StonesLand, blogs como Philipinas e muitas
imagens de câmeras de trânsito deram o tom. Sem falar
das fotos no Flickr e da transmissão na AOL.
Tiago Dória, no iG, e outros blogueiros se revoltaram
com a transmissão atrasada da Globo.
Lá e cá
De um lado, a Anistia Internacional trazia, em seus sites, texto
intitulado "A decisão do Carandiru: choque para a comunidade
de direitos humanos".
De outro, o britânico "Independent on Sunday", em sua
manchete, anunciava as "acusações contra a polícia no tiroteio
do metrô", vale dizer, na morte
do brasileiro Jean Charles. Serão
só por "obstrução de justiça".
Nada do assassinato.
Risco Brasil
Enquanto tucanos se debatem
e Lula se reúne com Bono, surge
uma sombra -ao menos para
os investidores estrangeiros, em
debate nos EUA.
No título da Associated Press,
"Investidores deviam focar mais
as eleições brasileiras". Não por
Lula, mas pelo "esquerdista"
Anthony Garotinho, que talvez
nem tenha chance de se eleger,
mas "pode mudar o equilíbrio
no nível parlamentar".
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