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Procurador-geral arquiva casos de nepotismo no TCE
Decisão de Rodrigo Pinho beneficia quatro conselheiros do órgão paulista
Por enquanto, nenhum dos pelo menos 11 irmãos, filhos ou noras foram exonerados do Tribunal de Contas
do Estado de São Paulo
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A menos de 30 dias para deixar o cargo, o procurador-geral
de Justiça do Estado de São
Paulo, Rodrigo Pinho, que encabeçou uma campanha de
combate ao nepotismo, mandou arquivar inquéritos abertos contra quatro conselheiros
do Tribunal de Contas do Estado que nomearam parentes
sem concurso público.
Entre os beneficiados com a
decisão estão dois ex-colegas
de Pinho na instituição, sendo
que um também já foi procurador-geral de Justiça.
Pinho afirmou que o arquivamento é uma resposta à resolução baixada pelos próprios conselheiros, publicada no dia 9 de
janeiro no "Diário Oficial", fixando um prazo de 90 dias para
que os parentes deles sejam demitidos (leia texto abaixo).
Por enquanto, nenhum dos
pelo menos 11 irmãos, filhos ou
noras foram exonerados.
Os inquéritos foram iniciados pela Promotoria da Cidadania no final de dezembro, após
reportagem da Folha revelar a
prática de nepotismo no tribunal. Em janeiro, Pinho avocou
(chamou para si a responsabilidade de) todos os inquéritos.
A iniciativa irritou promotores, que dizem que a avocatura
foi ilegal. Eles citam a legislação, que define as atribuições
de cada um: ao procurador-geral compete investigar o presidente do TCE e aos promotores, os demais conselheiros.
Como os cargos de conselheiros são vitalícios e há um
rodízio entre eles para ocupar a
cadeira de presidente, em tese
todos só podem ser investigados por Pinho, afirmam.
O arquivamento ainda será
analisado pelo Conselho Superior do Ministério Público, formado por 11 procuradores, inclusive por Pinho.
Foram arquivadas as investigações contra os conselheiros
Fúlvio Julião Biazzi (que nomeou dois filhos), Edgard Camargo Rodrigues (um filho),
Cláudio Ferraz de Alvarenga
(uma nora) e Robson Marinho
(uma irmã). Nenhum dos parentes, que recebem cerca de
R$ 12 mil líquidos por mês,
passou por concurso público.
Alvarenga foi procurador-geral de Justiça, cargo máximo do
órgão. Biazzi foi procurador.
Presidente do TCE
Apenas o inquérito aberto
contra o presidente do TCE,
Eduardo Bittencourt Carvalho,
segue aberto. Ele é investigado
pela contratação de cincos filhos, que não compareceriam
ao tribunal, e ainda por suposta
cobrança de propina e envio
ilegal de dólares para o exterior.
Bittencourt atribui as acusações à ex-mulher, com quem
está em processo de separação.
Os conselheiros Antonio Roque Citadini e Renato Martins
Costa não chegaram a ser investigados. O primeiro porque
nomeou um irmão que já havia
passado por concurso público
(para a Polícia Civil) e o segundo porque a nora foi exonerada
no final do ano passado. O irmão de Citadini terá de retornar ao órgão original.
No final de 2006, Pinho deflagrou uma campanha de combate ao nepotismo. Em carta
aos promotores, informou que
a prática é responsável por prejuízos ao patrimônio público e
à moralidade administrativa,
além de atentar contra princípios constitucionais da administração pública, como a impessoalidade e a moralidade.
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