São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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Para PSDB, notícia sobre 2002 é "suspeita"

Líder do governo na Câmara pede investigação em contas tucanas e afirma que "muitos problemas podem ocorrer em campanhas"

"O Serra não tem nada a ver com isso; todo mundo sabe que o candidato não tem o controle sobre as contas", declara líder no Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A base aliada do governo classificou como "grave" e cobrou investigações oficiais sobre os dados da Receita Federal, que mostram notas frias emitidas por uma empresa fantasma e outra inidônea para o PSDB e a campanha à Presidência em 2002 do tucano José Serra, no valor de R$ 476 mil.
Apesar das cobranças, os governistas, que já viveram acusações semelhantes, evitaram relacionar diretamente o governador Serra com as notas frias. "É algo que deve ser investigado. Muitos problemas podem ocorrer em campanhas", disse o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). "Vamos dar a presunção de inocência, mas eles já agiram de má-fé conosco [do PT]", completou. "O Serra não tem nada a ver com isso. É uma questão partidária. Todo mundo sabe que numa eleição majoritária o candidato não tem o controle sobre as contas. Para mim, não é um fato político", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Já parlamentares da oposição negaram as acusações e tentaram culpar seus adversários pela divulgação das suspeitas. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (CE), jogou dúvidas sobre o fato de as informações terem sido divulgadas apenas na época em que o Congresso discute a instalação de uma CPI dos cartões corporativos e meses antes de campanhas eleitorais.
"É muito estranho que os fatos surjam apenas agora. Não sou capaz de julgar ninguém, mas que é no mínimo suspeito é. Está claro que querem nos pegar de alguma forma, mas já viram que não tem jeito", afirmou Guerra.
Reportagem da Folha de ontem mostrou que, segundo a Delegacia da Receita Federal de Brasília, que suspendeu a imunidade tributária do partido e o autuou em aproximadamente R$ 7 milhões, o PSDB usou notas fiscais frias. A Folha obteve documentos sigilosos da auditoria nas contas tucanas e do auto de infração. A empresa inidônea é a Marka Serviços de Engenharia, que estava desativada desde janeiro de 1996 e pertence a Márcio Fortes, secretário-geral do PSDB (1999 a 2003) quando as notas foram emitidas. Em 2002, Fortes presidiu o comitê financeiro tucano nas eleições.


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