São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sorte grande

A descoberta de que o encontro de prefeitos custou dez vezes mais do que o valor inicialmente divulgado pelo Planalto trouxe ao noticiário a Dialog Comunicação e Eventos, responsável pela produção da maratona de dois dias em Brasília.
A empresa completa hoje cinco anos de existência com um desempenho invejável: faturou R$ 33 milhões em convênios com o governo Lula. A escalada de contratos, que começou em 2006 com modestos R$ 15,6 mil, atingiu R$ 26,6 milhões no ano passado. O cliente preferencial é o Ministério das Cidades, locomotiva do PAC. Segundo a Receita Federal, a Dialog declara ser uma agência de publicidade. A descrição das atividades, porém, abrange toda sorte de eventos.




Veja bem. A Dialog afirma que "trabalha basicamente só para a área pública" e que "cresceu rapidamente porque grandes empresas de eventos não atuam em Brasília". Diz ainda que seus contratos com o governo foram obtidos por meio de pregão eletrônico.

Assim não. A ideia do governo de zerar o ICMS do material de construção como parte do pacote de estímulo ao setor habitacional enfrenta resistência por parte dos governadores. "É gentileza com chapéu alheio", diz um deles.

Queda livre. Sede da Embraer, que ontem anunciou o corte de 4.000 vagas, São José dos Campos foi das poucas cidades do Estado de São Paulo em que o ritmo de demissões cresceu de dezembro para janeiro. O nível de emprego recuou 1,08% no município.

Lá e cá. Convidada para o Carnaval de Recife, Dilma Rousseff tentará equilibrar a agenda para dar atenção aos vários aliados. Hoje, no Marco Zero da cidade, será convidada da prefeitura, que é do PT. Amanhã, no Galo da Madrugada, ficará no camarote do governo do Estado, do PSB.

Só alegria. Depois de ver seu partido derrotado na disputa pela presidência do Senado, e agora ameaçada de perder a comissão de Infraestrutura para Fernando Collor (PTB-AL), Ideli Salvatti (PT-SC) resolveu buscar alívio no bloco "Enterro da Tristeza", de Florianópolis. "Nem lembro mais onde fica Brasília."

Andar com fé. Um grupo de rezadeiras se concentrou ontem pela manhã no TSE, onde seria julgado o pedido cassação de Jackson Lago (PDT). Não se sabe se o trabalho era para o governador do Maranhão ou para a família Sarney, que quer apeá-lo do cargo. À noite, o julgamento foi suspenso pela segunda vez.

Retificação. Joaquim Barbosa mudou a justificativa de seu pedido de licença do TSE. Não é mais para tratar de "assuntos particulares", e sim de "problema de saúde". O ministro, que sofre de dores na coluna, seguirá trabalhando normalmente no Supremo.

Será que dá? O deputado Paulo Maluf (PP-SP) consultou formalmente a Mesa Diretora da Câmara sobre a possibilidade de a Eucatex, empresa de sua família, pleitear financiamento do BNDES.

Nem pensar. A Constituição proíbe que empresas de congressistas façam contrato com órgãos públicos. A assessoria do BNDES diz que, por essa razão, a Eucatex não poderia obter o empréstimo.

Sorry. Pouco antes de assumir a presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) tentou incluir, no reembolso médico da Casa, gastos com telefone feitos do hospital, no ano passado, quando se internou para tratar do joelho. O pedido foi recusado.

Voo solo. O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) discorda de colegas tucanos que pretendem apresentar texto paralelo na CPI dos Grampos. Segundo-vice da comissão, seguirá o voto do relator, Nelson Pellegrino (PT-BA). Abi-Ackel diz que não vê "base para pedidos de indiciamento".

Tiroteio

"A ministra já tem discurso montado. Se a Justiça Eleitoral não agir, ela passará este ano e o próximo fazendo campanha com a máquina pública."


Do deputado ROBERTO MAGALHÃES (DEM-PE), sobre Dilma Rousseff, segundo quem a oposição pretende "interditar o governo" ao recorrer contra a realização de eventos como o encontro dos prefeitos.

Contraponto

Varejão de ofertas

José Serra falava anteontem a uma plateia de secretários de municípios do interior paulista, durante evento no qual anunciou medidas para reformar e equipar postos de saúde e unidades do programa de Saúde da Família.
Mergulhado em papéis, o governador tucano se pôs a recitar o volume de repasses para cada cidade, de acordo com o tamanho de sua população. Citou os municípios "com até 9.900 habitantes", passou depois aos que têm "até 19.900 habitantes" e assim por diante, até que interrompeu a leitura e disparou, para gargalhada geral:
-Mas isso aqui parece os preços das Casas Bahia!


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