São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Empresa de novo senador é investigada

Processo em ministério é sobre mau uso de R$ 66,2 mi tomados por firma inexistente de Cavalcanti Ribeiro

FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma empresa em que o senador Roberto Cavalcanti Ribeiro (PRB-PB) aparece como sócio responde a processo administrativo no Ministério da Integração Nacional por mau uso de um financiamento tomado em 1991, de R$ 66,2 milhões, valor já corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O dinheiro era para construir uma fábrica.
Técnicos do ministério foram ao local onde deveria haver a construção, mas não encontraram a Companhia Sulamericana de Brinquedos. Por isso, em junho de 2006, notificaram a empresa sobre as irregularidades, no "Diário Oficial".
Ribeiro tomou posse anteontem no lugar de José Maranhão (PMDB-PB), que assumiu o governo da Paraíba após cassação de Cássio Cunha Lima (PSDB). Embora corra pelo menos desde 2002 ainda sem desfecho, o processo não está atrasado, segundo versão do ministério.
A reportagem não pôde ter acesso aos documentos porque, conforme a pasta, somente a empresa e o governo, partes envolvidas, podem fazer consultas. Procurado por dois dias, o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) deve falar hoje sobre o caso, segundo sua assessoria.
Documento de 2005 aponta Ribeiro como dono de 92% das ações da Sulamericana. Dados da Junta Comercial indicam que ele criou a empresa em 1985. Mas Boris Trindade, advogado de Ribeiro em ações penais, disse desconhecer que a empresa seja do senador. A reportagem telefonou ontem e anteontem para a secretária e o assessor de Ribeiro, mas ele não telefonou de volta.
A Sulamericana funciona no mesmo endereço da Polyutil -°Indústria e Comércio de Materiais Plásticos, empresa de Ribeiro acusada pelo Ministério Público Federal de corrupção por reduzir um débito tributário de R$ 4,4 milhões para R$ 38,7 mil. Ele nega participação nesse esquema. A reportagem ligou para a Polyutil, mas foi informada de que os diretores estão viajando.
Gerente regional da Sudene no Recife, local que centraliza a investigação sobre a Sulamericana, Inalda Maria da Silva disse à Folha que o processo é de cancelamento do projeto. Ao final das apurações, o Ministério Público pode ser acionado.
"[O processo] tem como motivo saber sobre a paralisação da implantação do projeto", disse Inalda. "O atraso [na investigação] é porque tem muitos projetos nessa situação."

Supremo
O Supremo Tribunal Federal negou ontem pedido de Cunha Lima e de seu vice para voltarem aos cargos enquanto a corte não julgar recurso em que alegam ser inconstitucional a decisão do TSE. Até o fechamento desta edição, o ministro Celso de Mello não havia decidido se acolheria pedido da Assembleia da Paraíba para que haja eleição indireta para escolher o sucessor de Cunha Lima.


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