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Empresa de novo senador é investigada
Processo em ministério é sobre mau uso de R$ 66,2 mi tomados por firma inexistente de Cavalcanti Ribeiro
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma empresa em que o senador Roberto Cavalcanti Ribeiro
(PRB-PB) aparece como sócio
responde a processo administrativo no Ministério da Integração Nacional por mau uso
de um financiamento tomado
em 1991, de R$ 66,2 milhões,
valor já corrigido pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O dinheiro era para construir uma fábrica.
Técnicos do ministério foram ao local onde deveria haver
a construção, mas não encontraram a Companhia Sulamericana de Brinquedos. Por isso,
em junho de 2006, notificaram
a empresa sobre as irregularidades, no "Diário Oficial".
Ribeiro tomou posse anteontem no lugar de José Maranhão
(PMDB-PB), que assumiu o governo da Paraíba após cassação
de Cássio Cunha Lima (PSDB).
Embora corra pelo menos desde 2002 ainda sem desfecho, o
processo não está atrasado, segundo versão do ministério.
A reportagem não pôde ter
acesso aos documentos porque,
conforme a pasta, somente a
empresa e o governo, partes envolvidas, podem fazer consultas. Procurado por dois dias, o
ministro Geddel Vieira Lima
(PMDB) deve falar hoje sobre o
caso, segundo sua assessoria.
Documento de 2005 aponta
Ribeiro como dono de 92% das
ações da Sulamericana. Dados
da Junta Comercial indicam
que ele criou a empresa em
1985. Mas Boris Trindade, advogado de Ribeiro em ações penais, disse desconhecer que a
empresa seja do senador. A reportagem telefonou ontem e
anteontem para a secretária e o
assessor de Ribeiro, mas ele
não telefonou de volta.
A Sulamericana funciona no
mesmo endereço da Polyutil
-°Indústria e Comércio de Materiais Plásticos, empresa de
Ribeiro acusada pelo Ministério Público Federal de corrupção por reduzir um débito tributário de R$ 4,4 milhões para
R$ 38,7 mil. Ele nega participação nesse esquema. A reportagem ligou para a Polyutil, mas
foi informada de que os diretores estão viajando.
Gerente regional da Sudene
no Recife, local que centraliza a
investigação sobre a Sulamericana, Inalda Maria da Silva disse à Folha que o processo é de
cancelamento do projeto. Ao final das apurações, o Ministério
Público pode ser acionado.
"[O processo] tem como motivo saber sobre a paralisação
da implantação do projeto",
disse Inalda. "O atraso [na investigação] é porque tem muitos projetos nessa situação."
Supremo
O Supremo Tribunal Federal
negou ontem pedido de Cunha
Lima e de seu vice para voltarem aos cargos enquanto a corte não julgar recurso em que
alegam ser inconstitucional a
decisão do TSE. Até o fechamento desta edição, o ministro
Celso de Mello não havia decidido se acolheria pedido da Assembleia da Paraíba para que
haja eleição indireta para escolher o sucessor de Cunha Lima.
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