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Ministério Público vê desvios de mais de R$ 200 mi no Amapá
Promotoria acusa secretário estadual da Educação e mais 12 por improbidade
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O Ministério Público do
Amapá protocolou ontem ação
de improbidade administrativa
contra o secretário da Educação do Estado, José Adauto Bitencourt, e outras 12 pessoas
-entre elas servidores públicos
e empresários- por supostos
desvios de mais de R$ 200 milhões na contratação de segurança privada para escolas.
De acordo com a Promotoria,
desde 2003 o serviço é prestado
não por meio de concorrências
públicas, como manda a lei,
mas por meio de contratos
emergenciais no valor de R$ 2,6
milhão mensais -preço acima
dos de mercado, segundo a acusação. Isso, afirma a Promotoria, beneficiou duas empresas
do setor. O caso foi revelado pela Folha em junho de 2009.
Um dos momentos mais graves da suposta fraude ocorreu
em 2007, quando a secretaria
finalmente realizou um pregão
presencial para escolher da forma correta um prestador.
Os promotores dizem que
Bitencourt, em conluio com
uma pregoeira e com o presidente da Comissão Permanente de Licitação da secretaria,
agiu para ajudar a empresa que
já vinha sendo contratada irregularmente, a Serpol, a ganhar.
Mas a empresa que havia apresentado o menor preço contestou judicialmente a licitação.
Diante disso, diz a Promotoria, o secretário resolveu anular o resultado do pregão. Depois, como a Justiça também
negou essa possibilidade, ele
resolveu revogar o próprio processo licitatório, sob o argumento de que os valores pedidos estavam defasados, e voltou a contratar a Serpol.
Como a Polícia Federal havia
cassado a licença da empresa,
Bitencourt contratou emergencialmente a Amapá VIP,
que até hoje presta o serviço.
De acordo com a Promotoria,
ela é ligada ao mesmo grupo da
Serpol.
Um funcionário que trabalhava como advogado da secretaria afirmou, em depoimento,
que esses contratos possibilitavam uma propina mensal de
R$ 100 mil a Bitencourt.
Em 2006, ele foi o coordenador da campanha de reeleição
do governador Waldez Góes
(PDT). As investigações continuarão, para saber se há envolvimento de outras esferas do
governo estadual.
Ontem, a reportagem ligou
para três números da secretaria e para a casa de Bitencourt,
mas ninguém atendeu em nenhum deles. Nenhum representante da Serpol e da Amapá
VIP foi encontrado.
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