São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA


Garotinho vence no percentual dos votos, mas Rigotto obtém maior número de votos absolutos


Partidários de Rigotto questionam vitória de ex-governador do Rio em consulta informal

PMDB realiza consulta com decisão do STJ contra a prévia

Nabor Goulart/Divulgação
Apoiado por Orestes Quércia (à esq.) e Michel Temer (à dir.), o pré-candidato Germano Rigotto (de verde) é saudado em São Paulo


LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A consulta informal realizada ontem pelo PMDB indicava vitória a Anthony Garotinho como candidato do partido à Presidência e provocou um novo racha no partido. O ex-governador do Rio obteve 56,6% dos votos contra 43,4% de Germano Rigotto. O governador do Rio Grande do Sul obteve, no entanto, maior número de votos absolutos.
Os dados foram fornecidos pelos candidatos. A direção do PMDB deve anunciar o resultado oficial hoje. No último anúncio feito pelo partido, Rigotto tinha cerca de 3.000 votos a mais que Garotinho. O resultado levou partidários do governador gaúcho a questionar o critério de peso dos votos. O índice de ponderação foi criado pelo partido e concordado pelo próprio Rigotto.
Durante a apuração, houve uma contestação se o critério adotado estava sendo aplicado da forma como foi acordado previamente.
Além disso, os votos em alguns Estados correm o risco de não serem computados, como os da Paraíba, Distrito Federal e Pará. Após a oficialização do nome do candidato, o PMDB ainda enfrentará a disputa na Justiça.
Até o fechamento desta edição, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ainda mantinha a decisão de cancelamento da prévia da sigla. O ministro Edson Vidigal não aceitou o pedido de reconsideração feito pelo presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP).
Segundo o site do tribunal, "o ministro Vidigal não vislumbrou "nenhum argumento ou fato novo" trazido pelos advogados do partido, "já tendo as questões aqui suscitadas sido analisadas quando do indeferimento do primeiro pedido de reconsideração'".
Edson Vidigal -indicado ministro do STJ pelo ex-presidente da República e peemedebista governista José Sarney- deixa a presidência do tribunal neste mês para se lançar candidato ao governo do Maranhão.
Temer fez o pedido de reconsideração às 3h30 de ontem na sede do STJ. Durante o domingo, teve a expectativa de reverter a decisão. Em tom de cautela, para evitar problemas com a Justiça, Temer evitou até mesmo usar o nome prévia ontem.
Disse que, até a decisão definitiva do tribunal, o evento seria considerado uma "consulta informal" aos militantes. Ele disse que não queria entrar em conflito com a decisão que Vidigal tomou por volta das 22h de sexta, que proibiu a prévia.
Na decisão de sábado, que foi mantida ontem, Vidigal indeferiu o pedido feito pela direção do PMDB para que ele reconsiderasse uma liminar dada por ele mesmo na sexta-feira, em que suspendia a prévia.
A liminar foi concedida em uma reclamação apresentada pelo deputado federal Aníbal Ferreira Gomes (PMDB), da ala governista do partido, e havia sido cassada na sexta à noite por decisão do ministro Hamilton Carvalhido, também do STJ.
Apesar disso, os adeptos da candidatura própria começam a dizer que, caso não obtenham sucesso nos tribunais, vão usar os dados de comparecimento às urnas como meio de derrotar os governistas com o argumento da "vontade da militância".
"O resultado desta consulta aos militantes vai valer como gesto político até a decisão judicial", disse Temer. "A consulta de hoje [ontem] vai ser um ato político importante, que vai ter peso na convenção do partido." A convenção acontecerá em junho.
Se a prévia for validada, o escolhido à Presidência seria apenas homologado em convenção. Como foi feita uma consulta informal, será necessária uma votação dos delegados do PMDB para que a escolha tenha validade.
A direção do PMDB pode ter mudado o nome do evento, mas manteve o clima de decisão e a disposição de fazer a consulta. Apenas três Estados não realizaram a consulta ontem: Amapá, Bahia e Maranhão.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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