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Ministra, Marta tem aval de Lula para concorrer em 2008
Ex-prefeita assume Turismo na sexta com a possibilidade de sair para as eleições
A princípio, pasta não terá a Infraero, mas presidente ainda estuda retirar estatal da Defesa em decorrência da crise nos aeroportos
KENNEDY ALENCAR
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ex-prefeita de São Paulo
Marta Suplicy aceitou em conversa ontem à noite com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandar o Ministério do
Turismo. Ela tomará posse na
sexta-feira, mesmo dia em que
Walfrido Mares Guias deixará o
Turismo e assumirá as Relações Institucionais -pasta que
cuida da coordenação política.
Por ora, a Infraero, estatal
que administra os aeroportos,
não ficará sob a alçada do Turismo. No entanto, segundo a
Folha apurou, Lula não descarta adotar esse formato no médio prazo. Motivo: está contrariado com a falta de solução para a crise no setor aéreo e avalia
que o ministro Waldir Pires
(Defesa) perdeu as condições
de resolver o problema.
O presidente abordou o assunto com Marta. Ele pretende
substituir Pires. Tenta encontrar uma "saída honrosa". Lula
gosta de Pires e não deseja que
ele saia sob críticas, mas está
convencido de que a crise aérea
se tornou problema crônico.
A Aeronáutica resiste à mudança. Na Defesa, a estatal tem
sido uma área sob influência
militar. Lula, porém, está insatisfeito com os seguidos episódios de caos nos aeroportos e,
portanto, estuda a ida da Infraero para o Ministério do Turismo, proposta que chegou a
ser feita por Walfrido.
Ironicamente, o encontro
entre Lula e Marta, marcado
para o meio-dia, só aconteceu
às 18h30 porque o vôo da ex-prefeita atrasou. Ela veio de
São Paulo para Brasília.
Eleições e "upgrade"
A petista se esquivou de comentar eventual saída da pasta
para disputar a Prefeitura de
São Paulo em 2008. "Nem foi
tocado esse assunto, não falamos disso." Segundo Marta,
não houve pedido do presidente para que ela fique nos próximos quatro anos no cargo.
Lula deu aval para que ela
deixe a pasta em 2008, mas
Marta titubeou, pois não está
certa de que irá se candidatar.
Marta também negou já estar
pensando em candidatura ao
Planalto em 2010, apesar de ser
uma das potenciais candidatas
do partido. "Não, [estou] de
olho em fazer um bom serviço
no Ministério do... Turismo."
A ex-prefeita aceitou o Turismo a contragosto. Preferia Cidades ou Educação, para onde
foi cogitada pelo próprio Lula.
O temor de um choque entre
Marta e Dilma Rousseff (Casa
Civil) foi o fator que mais pesou
contra a ida dela para Cidades.
Lula disse em conversas reservadas conhecer o "gênio"
das duas. Coordenadora do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), Dilma controlará decisões das Cidades,
hoje ocupada por Márcio Fortes, da cota do PP.
Marta, porém, negou ter desejado outras pastas e imposto
condições para aceitar o Turismo: "De minha parte, nunca
houve nenhuma demanda".
"Deixa eu entrar [no ministério], gente, fazer o que eu tenho
que fazer. Sou uma fazedora. O
que estou querendo é entender
da área, poder propor ações e
continuar o trabalho que o governo está fazendo", afirmou.
Sem ter assumido ainda a
pasta -e sem o controle da Infraero-, Marta já traça planos
para dar uma gestão mais "vistosa" ao ministério. A idéia dela
é avançar em áreas que não são
diretamente ligadas à pasta,
mas têm grande visibilidade,
como emprego para jovens.
"É tanta coisa ainda que este
Brasil lindo tem para mostrar
ao mundo. Na Presidência do
Lula, o Brasil teve um "upgrade"
como imagem de país, que facilita a expansão do turismo."
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