São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Mire-se no exemplo

O vice-governador Alberto Goldman discursava num evento em homenagem a Franco Montoro, anteontem à noite, quando Geraldo Alckmin entrou no auditório do Memorial da América Latina. O número dois de José Serra não perdeu tempo e, num improviso, declarou: "Montoro teve o discernimento para abrir mão de seu interesse pessoal e apoiar Tancredo Neves. O interesse pessoal do Montoro, à época, ficou abaixo do interesse público".
Goldman, integrante da ala tucana que defende a aliança em torno da reeleição de Gilberto Kassab (DEM), usou o episódio do Colégio Eleitoral, em 1985, para mandar um recado a Alckmin -que, pela cara feita na hora, não achou a menor graça.

Menos, menos. Diante da temperatura elevada, Alckmin pediu ontem a seus escudeiros que parem de "esticar a corda" na disputa com a ala pró-Kassab do PSDB.

Como assim? No entorno do ex-governador, porém, o "por que quem está em primeiro precisa abrir mão para quem está em terceiro?" foi entendido como uma declaração aberta de candidatura.

Ai! Ai! Novo ditado ouvido na praça: "Tucano em São Paulo, quando bate o bico, faz DEM, DEM, DEM...".

Volto já. Antes de viajar para a China, Marta Suplicy (PT) ligou para Michel Temer, presidente do PMDB, sigla com a qual negocia aliança para a eleição paulistana.

Não me provoque. Em reunião ontem no Planalto, Lula insistiu na tecla de que base aliada é para votar. Quando alguém lembrou a obstrução que o PR fizera na véspera, o presidente ameaçou: "Daqui a pouco vou começar a usar a caneta".

Estranho... Arlindo Chinaglia (SP) está "sem ambiente" na bancada do PT. Colegas acusam o presidente da Câmara de bombardear a indicação do correligionário Antonio Palocci (SP) para a relatoria da reforma tributária, enquanto ajuda a cacifar a opção Sandro Mabel (PR-GO).

...no ninho. Os companheiros inventaram um apelido para Chinaglia: "presidente do sindicato da base", numa alusão às seguidas ações do número um da Casa em prol de partidos aliados, ajudando-os a emparedar o Planalto. Citam como exemplo o apoio à mudança no rito das medidas provisórias e o poder conferido ao PMDB do Rio, pilotado por Eduardo Cunha.

Chega pra lá 1. Lula não se intimidou com a comitiva do MST, da Fetagri e da CUT que o aguardava em Campo Grande (MS), anteontem, ainda para protestar contra a nomeação de Flodoaldo Alencar para o Incra local. Disse que precisa de apoio no Senado e que não iria contrariar Valter Pereira (PMDB).

Chega pra lá 2. Diante da insistência das entidades em defender o antecessor de Flodoaldo no cargo, Luiz Carlos Bonelli, o presidente foi sarcástico: "Esse Bonelli é tão bom que deveria ir pra Brasília, no lugar do Rolf", brincou, ao lado do superintendente do Incra, Rolf Hackbart.

Bee Movie. Os (poucos) que encararam os depoimentos de Jorge Hage (CGU) e Paulo Bernardo (Planejamento) ontem na CPI dos Cartões aproveitaram o marasmo para promover a eleição do "parlamentar-abelha", aquele que "aparece, faz cera e vai embora voando". Com 9 dos 14 votos apurados, venceu o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

É outro. Na ação popular com que tenta impedir a privatização da Cesp, o PT arrola o economista Luiz Tacca Jr. na condição de secretário da Fazenda paulista e co-responsável pela venda da energética, ao lado do governador José Serra. Só que o titular da pasta, desde 1º de janeiro de 2007, é Mauro Ricardo Costa.

Tiroteio

"É estranho que Alckmin use agora o argumento contrário ao que usou em 2006 para convencer o PSDB de que deveria ser ele, bem abaixo de Serra nas pesquisas, o candidato a presidente."


Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA, em resposta ao ex-governador, que, ao defender sua candidatura a prefeito, disse que "nunca viu" o líder abrir mão para apoiar o terceiro colocado, referindo-se a Kassab.

Contraponto

A grande família

No retorno do fim de semana, o assunto dos petistas na Câmara era a vitória da colega Maria do Rosário sobre o ex-ministro Miguel Rossetto, domingo, na prévia do partido para escolher o candidato à prefeitura de Porto Alegre.
-Ela venceu a mãe do PAC!-, comentou o gaúcho Pepe Vargas em referência à ministra Dilma Rousseff, uma das principais estrelas do time que apoiava Rossetto.
André Vargas (PR) estendeu a brincadeira a Tarso Genro (Justiça) e ao líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS), que fizeram a mesma opção de Dilma:
-Eu diria que a Rosário derrotou a mãe do PAC, o tio, o sobrinho... Olha, ela derrotou a família inteira!


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