São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Justiça proíbe MST e seu líder de incitarem violência contra Vale

Para diretor da mineradora, decisão é "emblemática" por ser a primeira em que dirigente pode ser responsabilizado por atos

Juíza proibiu manifestações violentas contra a Vale sob pena de multa no valor de R$ 5.000; Stedile tem 15 dias para responder ao processo

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Vale obteve na Justiça uma liminar que proíbe o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e seu principal dirigente, João Pedro Stedile, de incitarem ou fazerem manifestações violentas contra as instalações da empresa ou que interrompam suas atividades, sob pena de multa de R$ 5.000.
A decisão é da juíza Patrícia Rodriguez, da 41ª Vara Cível da Capital, no Rio. O diretor de Meio Ambiente da Vale, Valter Cover, afirmou que a decisão é "emblemática" por ser a primeira ação da empresa contra o MST em que Stedile pode ser responsabilizado pelos atos do movimento.
"Esperamos que as autoridades, tanto do plano federal como do estadual, compreendam que já foi reconhecido que a organização age num plano maior contra as empresas. Esperamos que suba a maneira de enfrentamento político dessas organizações", afirmou.
Nos últimos meses, a empresa foi alvo de oito invasões. Na decisão, a juíza diz que movimentos sociais como MST, Via Campesina e MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) invadiram e paralisaram a obra da hidrelétrica de Estreito, construída por um consórcio do qual a Vale faz parte.
Menciona ainda que integrantes do MST bloquearam a estrada de ferro Vitória-Minas, impedindo o transporte do minério de ferro, além de terem invadido uma unidade da Ferro Gusa Carajás, no Maranhão.
Segundo a juíza, o fato de o MST não possuir uma personalidade jurídica não impede a participação do movimento em processo judicial, já que pode ser representado pelo dirigente João Pedro Stedile.
Segundo Cover, a Vale tem pedidos de prisão preventiva de dirigentes regionais do movimento que ainda não foram analisados pela Justiça. O diretor disse também que a empresa sofria "ameaça concreta" de uma nova ocupação em Paraopebas, no Pará, da Estrada de Ferro Carajás em 7 de abril.
"Estão chamando esse movimento de "a mãe de todas as lutas". Diante disso precisamos recorrer à Justiça porque as invasões têm sido feitas com atos de violência", disse.
O dirigente do MST foi notificado na tarde de ontem e terá 15 dias para responder ao processo. Stedile disse que a medida tomada pela mineradora é "desesperada", que ela não o "surpreende" nem contém os integrantes do movimento.
Em nota, a empresa afirmou ter investido US$ 4 bilhões no Pará em 2007 e que os planos incluem investimentos de mais US$ 20 bilhões de 2008 a 2012 no Estado. Das 62 mil vagas que planeja criar até 2012, 35 mil serão no Pará, diz a Vale.


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