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Lacerda muda versão sobre uso de agentes da Abin na Satiagraha
Ex-diretor-geral da agência diz que não sabia da atuação de espiões de SP e RJ; antes, havia dito que participação da Abin foi "eventual'
Para tentar descolar sua imagem da de Protógenes, ele diz que delegado usou "estilo próprio" de trabalho e não lhe informava detalhes
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-diretor-geral da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda apresentou nova versão para explicar a
participação informal de cerca
de 80 agentes de inteligência
nas investigações que culminaram na Operação Satiagraha,
considerada "ilegal" e "oculta"
pela corregedoria da PF.
Em depoimento à corregedoria na segunda, ele disse que
não sabia que equipes da Abin
em São Paulo e no Rio colaboravam com o delegado Protógenes Queiroz. Lacerda sustenta
que só sabia da participação de
agentes em Brasília e, por isso,
disse à CPI dos Grampos em
2008 que "entre quatro e seis
agentes" haviam sido cedidos.
No depoimento à CPI, um
mês depois de deflagrada a Satiagraha, Lacerda afirmou que
a Abin teve "participação eventual". Hoje, sabe-se que agentes
eram maioria na equipe de Protógenes e analisavam escutas,
entre outros dados sigilosos.
"Mais do que nunca, ele deve
ser indiciado", disse o presidente da CPI dos Grampos,
Marcelo Itagiba (PMDB-RJ),
que defende que a comissão sugira indiciamento do delegado
e do ex-número dois da Abin
José Milton Campana, sob a
acusação de falso testemunho.
Confrontado com a descoberta de que Protógenes usou
métodos ilegais, Lacerda procurou descolar sua imagem da
dele. Disse que Protógenes foi
escolhido para comandar a
operação (Lacerda era então
diretor-geral da PF) "porque
ele não tinha qualquer missão".
Com isso, tenta desconstruir
versão corrente na PF pela qual
Protógenes tem sua confiança.
Lacerda disse que Protógenes "adotou estilo próprio", e
que não "reportava" a ele as
descobertas da investigação.
Afirmou ainda que Protógenes
"talvez seja o delegado mais fechado" que conheceu.
O ex-diretor-geral da Abin
também alterou versão dada
anteriormente ao admitir que
examinou relatório da Satiagraha, um "calhamaço impresso, cerca de 30 e poucas páginas", que lhe foi entregue pelo
agente Márcio Seltz.
À CPI Seltz disse que entregou a Lacerda um pen drive
com parte dos grampos da Satiagraha. À época, Lacerda declarou que se encontrou com
Seltz, mas que o documento
não foi lido nem entregue a ele.
Tarso
Questionado sobre as viagens de Protógenes, o ministro
Tarso Genro (Justiça) disse que
os deslocamentos têm autorização da direção geral da PF. A
corregedoria da PF indiciou o
delegado sob acusação de vazamento de dados da Satiagraha e
por ferir a Lei de Interceptações ao escalar agentes para degravar e analisar grampos.
Protógenes tem viajado para
dar palestras, algumas a convite do PSOL. "Se vai mudar ou
não essa liberalidade em relação ao delegado, vai ser resolvido a partir de agora com indiciamento e eventual abertura,
se o diretor-geral determinar,
de inquérito disciplinar", disse.
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