São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Serra elogia Lula e admite candidatura à Presidência

Em entrevista na TV, tucano diz que aposta no confronto entre sua biografia e a de Dilma

Numa prévia do que deve ser sua tática na eleição, governador evita criticar presidente e afirma que objetivo é melhorar o país


Marlene Bergamo/Folha Imagem
Serra inaugura fábrica em SP; o governador recebeu um bolo em homenagem ao seu aniversário

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM HORTOLÂNDIA (SP)

O governador de São Paulo, José Serra, assumiu ontem, publicamente, a candidatura à Presidência da República.
O tucano chamou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), para o embate ao afirmar que o eleitor fará "um juízo mais pessoal a respeito dos candidatos". Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, dizendo que aposta no confronto de biografias, tentou minimizar sua influência no processo eleitoral.
"Tem que ver quem é que vai ser presidente [...] O presidente é insubstituível", justificou.
Minutos depois, insistiu: "Não há ninguém que governe com alguém paralelamente mandando. Nem acho que o Lula pretenda fazer isso. Mas isso não funcionaria no Brasil e em nenhum lugar no mundo".
Dois dias depois de afirmar que não comentaria pesquisas até as eleições, Serra atribuiu o bom desempenho de Dilma à exposição da petista. E rechaçou a comparação dos governos Lula e FHC na campanha:
"Há uma introdução a ela favorável neste momento. Mas a partir de um certo momento a população vai julgar não quem já foi presidente ou quem é, mas quem é candidato".
Na entrevista, concedida no heliponto do Palácio dos Bandeirantes, Serra adiantou o discurso da campanha: "O Lula fez dois mandatos, está terminando bem o governo. O que nós queremos para o Brasil? Que continue bem e até melhore".
Embora não tenha anunciado formalmente, Serra confirmou para abril o lançamento oficial da candidatura e, questionado, disse que não a negava. Só não faria campanha enquanto estivesse no governo.
O governador, que faz tratamento de combate ao estresse, disse que, na campanha, o eleitor poderá conhecer sua história e a de Dilma. Tratado como candidato a presidente, agradeceu quando Datena -que elogiou o "bom aspecto" do governador- desejou-lhe "boa sorte na corrida presidencial".

Repercussão
Assustado com a repercussão da entrevista -que incomodou concorrentes da Bandeirantes- Serra tentou reduzir sua importância. "Não falei nada de especial. Não vejo razão para essa histeria coletiva", disse. "Tudo já foi dito antes."
Há 15 dias, a Folha informou que Serra anunciara a aliados a disposição de concorrer. Mas ontem foi a primeira vez que o governador admitiu abertamente que será candidato.
Em conversas, Serra fez questão de explicar que não estava previamente programada a aparição de crianças no programa. Na abertura da entrevista, alunos da creche do Palácio cantaram "Parabéns a Você" em comemoração ao 68º aniversário de Serra, ontem.
Nas conversas, o tucano disse temer que a entrevista reforce a pressão para que se manifeste publicamente sobre candidatura nos últimos 12 dias de governo, quando pretende fazer uma série de inaugurações.
Serra insistiu que não planejara lançar candidatura ontem. Segundo disse a aliados, pretendia, originalmente, levar Datena à AME (Ambulatório Médico de Especialidades) em Heliópolis. Mas, como atrasara devido a uma consulta, ficou constrangido e não se recusou a responder às perguntas.

Ibope baixo
O programa tem, em média, dois pontos de audiência, segundo o Ibope. Ontem, não foi diferente. Quando Serra estava no ar, às 14h20, ficou em 1,6. O pico do programa de foi 3,4. Na semana, o melhor dia foi a terça-feira, com 3,7 de média.
À tarde, Serra negou que tenha anunciado a sua candidatura. "Não vou falar [que sou candidato]. Quem disse foi o Datena. Eu aqui vim no trabalho de governo e eu não vou misturar as coisas", disse Serra.
Em Hortolândia, funcionários de uma fábrica e políticos aliados cantaram parabéns ao governador.
Em discurso, Serra apelidou o pacote de obras viárias de "bolsa transporte". "O trem que vai atender a turma de Osasco a Itapevi, que o Metrô e a CPTM estão fazendo, é uma espécie de bolsa transporte para as pessoas, porque nós estamos passando renda para as pessoas, renda através do conforto, do tempo menor e da segurança."


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