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ALIADOS EM CRISE
Tucano deixa liderança de FHC no Senado
Parlamentar classifica de temporário seu afastamento do posto, mas expectativa é que Arruda não volte mais ao cargo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador José Roberto Arruda
(PSDB-DF) anunciou ontem seu
afastamento do cargo de líder do
governo no Senado, definindo-o
como um "gesto de grandeza e
desapego". Ele já era ex-líder do
governo quando Regina Borges
começou a pôr em xeque o álibi
que exibira na véspera.
Arruda não foi mais visto no Senado, nem em sua casa, nem nos
escritórios de seus advogados
desde o início do depoimento de
Regina Borges. De manhã, ele tentou minimizar seu isolamento,
negando que o presidente Fernando Henrique Cardoso tenha
pedido sua renúncia.
"O presidente me apoiou muito. Não fui pressionado a deixar o
cargo", disse. Arruda conversou
com FHC na noite de quarta-feira, após seu discurso em plenário,
e ontem pela manhã.
"A gente precisa ter desconfiômetro na vida", disse. Arruda ainda tentou vincular as denúncias
contra ele ao Planalto. "Muito do
que estou apanhando é por ser líder do governo. Não sou eu", afirmou. Tentando amenizar a gravidade de sua situação, Arruda classificou de temporário seu afastamento. Ele ainda pretende voltar
ao posto ao final do processo.
Embora seu substituto, o senador Romero Jucá (PSDB-RR), primeiro vice-líder do governo, tenha calculado em cerca de "60
dias" o afastamento de Arruda, a
expectativa no Senado é que ele
não volte mais ao cargo.
Ontem, o tucano se recusou a
responder perguntas referentes à
violação do sistema eletrônico do
Senado. Arruda afirmou que a ex-diretora do Prodasen Regina Célia Borges estava "inventando detalhes a cada dia". Antes de anunciar seu afastamento do cargo de
líder, Arruda cometeu uma série
de erros que aumentaram ainda
mais seu isolamento.
Líderes tucanos criticam, por
exemplo, o fato de ele ter feito um
discurso técnico em sua defesa, na
quarta-feira, dando detalhes de
sua agenda no dia 27 de junho.
Para os senadores, isso abriu brechas para ser contestado e deu a
impressão de um álibi preparado.
Os tucanos achavam que Arruda não deveria nem ter discursado. Na opinião deles, o senador
deveria ter aguardado que Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
se defendesse primeiro. Arruda
faria apartes, mas se manteria em
segundo plano.
De acordo com os tucanos, Arruda cometeu outro erro político
grave: teve um início de atrito
com ACM durante o seu discurso
(ao dizer que ACM não lhe dava
ordens), "descolando-se" do ex-presidente do Senado.
Ontem, Arruda voltou a se expor, quando chegou a bater boca
com Eduardo Suplicy (PT-SP) no
plenário. Suplicy fazia pronunciamento sobre o caso, citando a referência feita por Regina à presença de um filho de Arruda em seu
apartamento, tocando um instrumento musical, quando foi feito o
pedido para que o painel fosse
violado.
"Não quero evocar questões familiares nessa coisa toda", reagiu.
A partir dali, Arruda foi aconselhado a ficar quieto pela cúpula
tucana.
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