São Paulo, sábado, 20 de abril de 2002

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ELEIÇÃO ENGESSADA

Partido muda de posição e diz que pode seguir com Lula, se pefelistas não lançarem candidato a presidente

Sem PFL no páreo, PL acerta aliança com PT

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o PFL não tiver candidato à Presidência, a direção do PL caminha para acertar coligação com o PT, mesmo após a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que limita as alianças nos Estados a partidos que tenham se unido nacionalmente.
É uma mudança na posição do PL, que afirmava que a chamada verticalização inviabilizaria seu apoio ao pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.
"Vamos esticar a corda e ver até onde ela aguenta. Nosso objetivo é viabilizar a aliança com Lula", diz o presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto.
Sem um candidato do PFL ao Planalto, o PL poderia se aliar ao partido em dois Estados em que não admite rever acordos feitos antes do início da conversação com o PT: Bahia e Maranhão.
O PL é carlista na Bahia e governa o Estado desde o dia 6 com Otto Alencar, vice de César Borges, que se desincompatibilizou para disputar a eleição para o Senado.
Assim Lula pode ir fazer campanha na Bahia e ter de subir no palanque de Antonio Carlos Magalhães. ACM tentará voltar a ser senador, mandato ao qual renunciou para evitar sua cassação por seu envolvimento em fraude de votação secreta no Senado.
O PT tem candidato ao governo da Bahia, o deputado federal Jacques Wagner, e provavelmente apoiará Haroldo Lima (PC do B) ao Senado. Mas, com o PL apoiando o PT nacionalmente e ACM no Estado, fica aberta a possibilidade de Lula e o cacique pefelista se encontrarem.
ACM já disse preferir o petista ao pré-candidato tucano, José Serra, a quem responsabiliza pela vitória de Jader Barbalho (PMDB), seu maior desafeto, na eleição para a presidência do Senado em 2001. Jader também renunciou para evitar sua cassação por envolvimento em supostas fraudes em projetos da Sudam.
No Maranhão, o PL é sarneyzista, apoiando a provável candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (PFL) ao Senado e a do atual governador José Reinaldo Tavares à reeleição.
O PT tem como candidato ao governo do Estado maranhense Ricardo Sabóia, mas, novamente, torna-se possível que Lula divida o palanque com a ex-pré-candidata a presidente pelo PFL, que desistiu após o início de investigações de irregularidades em empresa da qual é sócia.
Esses encontros em palanque são especulações para o PT, mas não para os líderes do PL, que deve indicar o senador José Alencar (MG) para a vaga de vice-presidente, caso a aliança se formalize.
Ao todo são 13 os Estados em que o PL tem problemas a resolver para se coligar com o PT. Mas só no Maranhão e na Bahia eles são tidos como insolucionáveis pela direção do partido, caso o PFL tenha candidato próprio à Presidência ou venha a apoiar o tucano José Serra.

PC do B
Tradicional aliado do PT, o PC do B discutirá nas próximas duas semanas se apoiará Lula. O problema são as alianças regionais que costura para seus candidatos a governador no Ceará, no Piauí e no Amazonas. Sem candidato a presidente, o PC do B estaria livre para acertar alianças.
Mas a tendência majoritária no partido é apoiar Lula mesmo após a verticalização, avalia o vice-presidente nacional do PC do B, Haroldo Lima -que está como presidente interino do partido em razão de viagem à China do titular, Renato Rabelo, para encontro de comunistas de todo o mundo.



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