São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/CASO SANTO ANDRÉ

Objetivo é apurar acusação de irmãos de Celso Daniel contra ex-ministro e assessor de Lula

Promotoria investiga Dirceu e Carvalho

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Promotoria Criminal de Santo André (SP) abriu ontem uma investigação contra o deputado federal cassado e ex-ministro José Dirceu (PT) e contra o chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, por supostos crimes de formação de quadrilha, receptação e lavagem de dinheiro.
O objetivo do Ministério Público é investigar a acusação feita por João Francisco e Bruno, irmãos do prefeito de Santo André assassinado em 2002, Celso Daniel (PT). Após o crime, eles disseram que Carvalho, chefe-de-gabinete de Daniel, teria narrado um esquema de propina na prefeitura.
"Gilberto disse que chegou a levar o dinheiro da propina pessoalmente para Dirceu [então presidente do PT], no escritório político em São Paulo", disse João Francisco à Promotoria.
Procurado pela Folha, Carvalho disse que não vai se manifestar.
Em 2002, o Ministério Público havia pedido a abertura de uma investigação contra Dirceu. Como ele era deputado à época e, por isso, tinha foro privilegiado, qualquer procedimento dependia da autorização do STF (Supremo Tribunal Federal). O pedido foi rejeitado e arquivado pelo então presidente do órgão, Nelson Jobim -que se afastou o tribunal.
Longe da Câmara, Dirceu não tem mais foro privilegiado.
A Promotoria irá investigar ainda a origem dos R$ 500 mil pagos pelo PT ao ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira, contratado pelo partido para defender a sigla durante as investigações do caso Celso Daniel.
A soma das penas mínimas dos três crimes imputados pelo Ministério Público é de seis anos de prisão. Como os investigados não residem em São Paulo, foram enviados convites para que prestem depoimento em Santo André. Dirceu foi convidado a depor no dia 4 de maio. Carvalho, no dia 8.
Serão convidados a depor, na condição de testemunhas, o ex-procurador-geral, o presidente estadual do PT em São Paulo, Paulo Frateschi, a assessora especial de Lula e ex-mulher de Daniel, Mirian Belquior, o deputado cassado Roberto Jefferson (autor das denúncias contra Dirceu), o publicitário Marcos Valério e o doleiro preso Antonio Clamarunt, o Toninho da Barcelona.
No ofício de abertura de investigação, a Promotoria recorreu à denúncia (acusação formal à Justiça) apresentada na semana passada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que implicou 40 pessoas como responsáveis pelo mensalão, entre elas Dirceu.


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