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ELEIÇÕES 2006/REGRAS DO JOGO
Futuro presidente do tribunal, Marco Aurélio de Mello sugeriu que ao menos parte das novas regras eleitorais não será aplicada neste ano
Proibição a pesquisas pode cair, sinaliza TSE
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Marco Aurélio
de Mello, que assumirá a presidência do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) na próxima semana, sinalizou ontem que a proibição de
divulgação de pesquisas nos 15
dias que antecedem as eleições
pode cair no tribunal e que pelo
menos parte das novas regras eleitorais, aprovadas anteontem pelo
Senado, não será aplicada na
campanha deste ano, dizendo que
a sociedade não deve ter "esperança vã" nesse sentido.
Um artigo da nova lei, que ainda
depende da sanção presidencial,
diz que o TSE decidirá sobre a sua
aplicação imediata. O texto pode
ser apreciado pelo STF se algum
partido ou entidade civil, como a
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), questioná-lo em ação direta de inconstitucionalidade.
Marco Aurélio disse que o TSE
se pronunciará "o quanto antes" e
que levará em conta o princípio
constitucional da anterioridade,
que proíbe a menos de um ano da
votação mudança nas regras do
processo eleitoral. "O Congresso
transferiu a responsabilidade para o TSE. Eu me sinto lisonjeado
pela confiança dos congressistas,
mas não podemos dar esperança
vã à sociedade. Temos um preceito maior, do artigo 16 da Constituição [anterioridade]."
Anteontem, o Senado aprovou
o projeto de lei que altera regras
de propaganda eleitoral, arrecadação de recursos e prestação de
contas. A nova lei proíbe showmícios, propaganda em outdoors e
distribuição de camisetas e brindes. Ela cria a prestação de contas
parciais dos candidatos em 6 de
agosto e de setembro, com receitas e despesas, mas sem a relação
de doadores. Fica mantida a prestação de contas definitiva até 30
dias após a eleição.
Há um mês, o STF manteve a
verticalização das coligações partidárias, rejeitando a aplicação
neste ano da emenda que dá liberdade para as alianças estaduais.
O TSE, em um primeiro momento, e o STF depois, se houver
ação, terão de examinar artigo
por artigo da lei para ver se a nova
regra interfere ou não no processo eleitoral. Para o ex-ministro do
TSE Eduardo Alckmin, que é primo do pré-candidato tucano à
Presidência da República, Geraldo Alckmin, grande parte da lei
não será aplicada neste ano. Ele
acredita, por exemplo, que normas de propaganda eleitoral alteram o processo eleitoral e, por isso, precisam ser aprovadas com a
antecedência mínima de um ano.
Divulgação de pesquisas
Sobre a proibição de divulgação
de pesquisas nos 15 dias que antecedem a eleição, Lula pode vetar
esse artigo. Caso isso não ocorra, a
proibição deve ser derrubada no
TSE. Foi o que sinalizou Marco
Aurélio. "Certamente o TSE se debruçará [sobre essa questão] considerando o princípio básico no
Estado democrático que é a liberdade de informação." Eduardo
Alckmin tem a mesma opinião.
O ministro do TSE e corregedor-geral eleitoral, Cesar Asfor
Rocha, previu que a proibição de
pesquisas será um dos pontos
mais questionados e lembrou que
a palavra final caberá ao STF.
Em outubro de 1988, o TSE julgou um mandado de segurança
da Folha contra a proibição de divulgação de pesquisas 30 dias antes das eleições. O tribunal aceitou
argumento da Folha de violação
do artigo 220 da Constituição, que
tinha sido promulgada dias antes.
Esse artigo trata da liberdade de
informação.
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