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STJ pede inquérito sobre ministro da Casa
Seis dias após as prisões da Operação Hurricane, tribunal decide acompanhar investigação que envolve Paulo Medina
Bloqueio de bens, determinado por Supremo, deve alcançar cerca de 50 pessoas, incluindo os 25 detidos e seus familiares
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Seis dias após a prisão de 25
pessoas na Operação Hurricane (Furacão), o STJ (Superior
Tribunal de Justiça) quebrou o
silêncio sobre o envolvimento
de um de seus integrantes, o
ministro Paulo Medina, e pediu
ao STF (Supremo Tribunal Federal) cópia do inquérito para
decidir se toma providência.
O presidente do STJ, ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, enviou ofício ao ministro do STF Cezar Peluso, relator do inquérito criminal, solicitando cópia dos autos "diante do noticiário que vem sendo
veiculado na mídia, envolvendo
membro desta corte".
O inquérito apura que crimes
possam ter ocorrido por parte
de Medina, outros juízes, policiais, advogados e um procurador, suspeitos de atuar em esquema de venda de sentenças a
bicheiros e bingueiros. Ele poderá resultar em uma ação penal, que tramitará no próprio
STF. Além da condenação à prisão, pode haver perda do cargo.
Em tese o STJ pode abrir sindicância para apurar se houve
desvio de conduta. Essa apuração pode se transformar em
processo disciplinar, que teria
como punição máxima a aposentadoria compulsória.
O CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) também abriu sindicância com a mesma finalidade. O relator será o ministro do
TST (Tribunal Superior do Trabalho) Vantuil Abdala.
Por determinação do STF
(Supremo Tribunal Federal),
os bens e contas bancárias de
cerca de 50 pessoas - os 25
presos na operação, seus familiares e sócios - serão bloqueados. A medida havia sido requisitada pelo procurador-geral da
República, Antonio Fernando
Souza e foi endossada pela Polícia Federal.
O STF divulgou ontem nota
protestando contra a veiculação de diálogos que sugerem
tentativas de obter ajuda de ministros do tribunal, entre eles a
presidente, Ellen Gracie, e
Marco Aurélio de Mello. Diz a
nota: "O Supremo Tribunal Federal repudia as inferências de
que possa ter havido tentativa
de influenciar decisões dos ministros desta Corte. O Tribunal
já determinou a abertura de inquérito para apurar a responsabilidade pela quebra do segredo
de justiça, fato grave, intolerável e criminoso."
O advogado de Paulo Medina, Antonio Carlos de Almeida
Castro, comunicou ao STF que
o ministro está à disposição para prestar depoimento se o tribunal entender necessário.
Anteontem à noite, vários
ministros do STJ fizeram uma
reunião reservada com Medina
e escutaram as explicações dele
para as notícias sobre o seu suposto envolvimento em esquema que negociava sentenças a
favor de bicheiros e bingueiros.
Medina praticamente não
tem ido ao STJ desde o dia 13,
quando a operação Hurricane
tornou-se pública.
Antonio Fernando afirmou
ontem que é "infundada" a crítica de alguns advogados de que
seus direitos de trabalho e de
defesa estão sendo cerceados.
"[Os advogados] reclamam
sem razão porque os interrogatórios na polícia estão sendo
feitos com a presença de advogados, com oportunidade de
permanecerem sozinhos com
seus clientes em sala reservada,
o tempo que desejarem."
O presidente nacional da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), Cezar Britto, reagiu:
"Somente após a atuação do
STF, por solicitação da OAB, é
que o reconhecimento à participação dos advogados foi assegurado. Portanto é preciso situar a declaração do procurador-geral no tempo e no espaço", afirmou Britto.
Colaboraram ANDREZA MATAIS, da Folha Online, e EDUARDO SCOLESE, da Sucursal de Brasília
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