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MST bloqueia estradas e faz ameaça, após conflito no PA
Manifestações ocorrem após confronto entre sem-terra e seguranças que deixou 9 feridos
Advogada da propriedade, de Daniel Dantas, diz que funcionários "só reagiram"
a ação; movimento cobra uma resposta do Estado
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A XINGUARA (PA)
Um dia após um conflito entre sem-terra e seguranças de
uma fazenda do banqueiro Daniel Dantas ter deixado nove feridos a bala no Pará, o MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu ontem barricadas na região, dispensou auxílio do governo federal e acenou para novas ações nas próximas horas.
As manifestações, na semana
em que o massacre de Eldorado
do Carajás (PA) completou 13
anos, ocorreram em ao menos
quatro pontos de estradas. Elas
foram uma resposta do movimento ao confronto entre os
acampados da fazenda Espírito
Santo com seguranças da Agropecuária Santa Bárbara, do grupo Opportunity, anteontem.
A fazenda de Dantas, em Xinguara (792 km de Belém), às
margens da PA-150, está invadida desde fevereiro. Anteontem, sem-terra tentaram cruzar uma porteira que dá acesso
a casas de funcionários da propriedade. Dizem que buscavam
madeira para erguer barracos.
Houve conflito. Dos nove feridos a bala que passaram por
hospitais da região, nenhum
corre risco de morte. Oito são
sem-terra. O outro é funcionário de empresa de segurança.
No local, a Folha encontrou
um carro capotado com vidros
quebrados e uma porteira de
madeira marcada por balas.
A Agropecuária Santa Bárbara diz que os seguranças da fazenda só reagiram à ação dos
sem-terra. "Eles vieram para
cima", disse Brenda Santis, advogada da empresa de Dantas.
"Nós só reagimos", afirmou o
segurança Sérgio Miranda, 24.
Ontem, ao lado do delegado-geral da Polícia Civil e do comandante da PM, o chefe da
Casa Civil do Pará, Cláudio
Puty, se reuniu em Xinguara
com representantes da fazenda
e dos sem-terra. Não houve
acordo. "Só deixei claro a eles
que ninguém vai resolver o
conflito de forma ilegal", disse
Puty, que seguiu ao município
acompanhado de 22 policiais
especializados nesse tipo de
conflito. Um inquérito foi aberto para apurar os responsáveis
pelo confronto de anteontem.
O ouvidor agrário nacional,
Gercino José da Silva Filho,
disse aguardar o resultado da
negociação. "Se as medidas não
forem suficientes, daremos outros encaminhamentos."
No local, o clima é tenso. "Se
o governo do Estado não se
pronunciar, haverá novas
ações nas próximas horas", disse Djalma Ferreira, da coordenação estadual do movimento.
Sobre negociadores do governo
federal, disse: "Se vier só pra
trocar ideia, é melhor nem vir".
Marivaldo Pereira, 36, com
ferimento a bala no peito, diz
que não sairá do acampamento. "Dói. Mas não vou desistir."
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