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Justiça quebra sigilo de fundo da Bancoop
Carteira criada pela entidade, investigada pela PF por gestão fraudulenta, recebeu R$ 26 mi de fundos de pensão estatais
Promotoria investiga suposto desvio de recursos da cooperativa para ex-dirigentes da entidade e campanhas políticas do PT
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal decretou a
quebra dos sigilos bancário e
fiscal da Bancoop (Cooperativa
Habitacional dos Bancários de
São Paulo) e do fundo de investimento criado pela entidade.
As medidas foram requeridas
pela Polícia Federal em um inquérito no qual são investigados eventuais atos de gestão
fraudulenta da carteira, que tinha como cotistas grandes fundos de pensão de estatais.
Em agosto passado, a Bancoop e os cotistas da carteira fizeram um acordo para liquidar
o fundo de investimento, que à
época oferecia sérios riscos de
perdas aos investidores.
A quebra foi decretada pelo
juiz Fausto Martin De Sanctis,
titular da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, no último
dia 9. O acesso à documentação
bancária e fiscal da cooperativa
e do fundo de investimento já
havia sido autorizado pela Justiça estadual de São Paulo ao
Ministério Público.
A Promotoria investiga supostos desvios de recursos da
cooperativa para ex-dirigentes
da entidade e campanhas políticas do PT, o que teria lesado
milhares de cooperados que
aguardam a construção de imóveis lançados pela Bancoop.
O inquérito da PF, conduzido
pelo delegado Pedro Henrique
Maia, tem um objeto mais específico, o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) Bancoop I, criado pela
cooperativa em 2004.
A investigação começou em
2008 e tem como um dos focos
a compra de cotas do FIDC
Bancoop em 2004 e 2005 pelos
fundos de pensão de estatais.
A Funcef (Fundação dos
Economiários Federais), entidade de previdência dos empregados da Caixa Econômica
Federal, fez um aporte de
R$11,2 milhões no fundo de investimento. A Petros (Fundação Petrobras de Seguridade
Social) e a Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do
Banco do Brasil) aplicaram,
respectivamente, R$ 10 milhões e R$ 5 milhões no FIDC.
Em seus primeiros meses de
operação, o FIDC Bancoop era
avaliado como de baixo risco de
crédito pela agência especializada em mercado financeiro
Standard & Poor's.
Porém, em abril de 2008, a
agência rebaixou a classificação
do FIDC, que passou a ser considerado de alto risco.
Em uma assembleia de cotistas em agosto de 2009, os fundos de pensão e os outros investidores aceitaram encerrar
suas participações no FIDC ao
receberem da Bancoop os valores correspondentes à metade
da rentabilidade-alvo da carteira, que era de 12,5% ao ano mais
a variação do IGPM (Índice Geral de Preços ao Consumidor).
Procurados pela Folha, a
Funcef, a Petros e a Previ informaram que o acordo celebrado
com a Bancoop permitiu a obtenção de uma rentabilidade de
6% ao ano mais correção pelo
IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), valor que
está na faixa mínima de lucratividade fixada pelos fundos.
As entidades negaram irregularidades nos investimentos
realizados no FIDC.
A assessoria da Bancoop informou que a entidade não iria
se manifestar sobre a quebra. A
corretora Planner, gestora do
FIDC, afirmou, por sua assessoria, que não havia recebido a
"notícia oficial" sobre a medida
e não iria se pronunciar.
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