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Deputados negam envolvimento em fraude
Folha revelou que governo suspeita que ONGs ligadas a políticos tenham usado recursos do Ministério do Turismo para eventos
Congressistas rechaçam similaridade com esquema de "sanguessugas'; PF e CGU investigam se aconteceu pagamento de propinas
FERNANDA ODILLA
DIMMI AMORA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados federais negaram
ontem envolvimento em irregularidades no uso de verbas
públicas para a organização de
festas e eventos turísticos.
Conforme a Folha revelou, o
governo federal suspeita de
fraudes com recursos do Ministério do Turismo e decidiu
auditar festas realizadas com
dinheiro repassado a ONGs por
meio de parlamentares.
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União apuram
se houve corretagem de emendas parlamentares, pagamento
de propina a quem autoriza os
pagamentos e uso de notas fiscais frias -esquema que lembra o escândalo da máfia dos
sanguessugas, de 2006. O próprio Ministério do Turismo tomou a iniciativa de municiar os
investigadores com informações e documentos.
Das 50 ONGs que mais receberam verbas da pasta para festas, 26 têm relação com políticos ou partidos e foram beneficiadas por emendas de nove
deputados federais. Ontem,
seis deles contataram a Folha
para reiterar que os eventos
que ajudaram a viabilizar foram realizados de forma lícita.
Sandes Júnior (PP-GO) afirmou que o evento para o qual
apresentou emenda foi fiscalizado pelo Ministério do Turismo e que quatro técnicos da
pasta aprovaram a prestação
de contas. Segundo ele, todas
as emendas individuais que
destinou a festas tiveram as
despesas acompanhadas por
ele e pelo governo federal.
"Todos os eventos foram importantes para as comunidades
beneficiadas por eles e os valores apresentados foram compatíveis com os serviços."
Sandro Mabel (PR-GO) disse
que as emendas em nada lhe
beneficiaram e que atuou para
promover o turismo nos municípios. "Todas as cidades em
Goiás onde já foi realizado o
circuito [de rodeios] podem ser
testemunhas da grandeza e da
seriedade."
Ele também rechaçou a similaridade com o caso dos sanguessugas. "Os custos dos
eventos são baixos e muito
bons pela grandiosidade. Vou
pelo menos um dia a todos os
eventos e, quando não posso,
mando representante para assegurar que não exista a mínima chance de fraude", afirmou.
Leo Alcântara (PR-CE) afirmou que intercedeu por uma
ONG a pedido de um correligionário. Disse que isso não caracteriza irregularidade e que
em nenhum momento foram
"narrados atos desabonadores
que porventura tenham sido
cometidos" por ele.
Declarou que a emenda não
foi condicionada a "benesse ou
repasse para mim ou para
quem quer que seja", o que chamou de "práticas de extrema
repugnância".
Rômulo Gouveia (PSDB-PB)
afirmou que destinou emendas
a eventos auditados pelo Turismo e que não teve "nenhuma
ingerência" sobre as festas.
"Recebo o pedido dos municípios, então destino ou não as
emendas. Cabe aos realizadores, no caso as prefeituras, a
execução. Acompanho, participo e sou testemunha dos eventos que procuram resgatar a
cultura nordestina."
Geraldo Magela (PT-DF) disse que seu gabinete analisa previamente todos os projetos e
que apresentou emendas para
mais de 70 ONGs. Segundo ele,
a destinação de recursos "não
segue critério partidário, pois
todos os projetos são analisados tecnicamente a partir do
benefício social" e atende entidades idôneas e capazes de executar projetos. Afirmou que
"repudia veementemente a ilação" de que tenha se beneficiado dos recursos.
Armando Monteiro (PTB-PE) afirmou que apresentou
emendas nos termos da lei e
que jamais foi notificado por
qualquer órgão sobre irregularidades nos repasses ou nas
ONGs atendidas. "Assim estão
criminalizando a apresentação
de emendas", declarou. Segundo ele, todas as prestações de
contas do convênio foram
aprovadas pelo ministério.
"Me associaram a uma fraude antes de conhecer o resultado do processo de investigação", reclamou.
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