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PMDB tenta dar maior apoio a FHC
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
Depois de impor ao presidente
Fernando Henrique Cardoso a nomeação dos ministros Iris Rezende
(Justiça) e Eliseu Padilha (Transportes), os líderes do PMDB trabalham para barrar a CPI da compra
de votos e para aprovar a reeleição
e a reforma administrativa.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), principal articulador das nomeações, reúne hoje os vice-líderes do PMDB para
preparar as votações de interesse
do governo. O desafio dos líderes é
ampliar o apoio a FHC no partido.
Levantamento em poder de Temer mostra que apenas 64 peemedebistas são aliados incondicionais do governo. Dezesseis são dissidentes e outros 18 são indecisos.
A estratégia para barrar a CPI é
apressar a conclusão da comissão
de sindicância. "A posição do partido é esperar o resultado da comissão", afirmou ontem o líder da
bancada na Câmara, Geddel Vieira
Lima (BA).
Na Câmara, Temer, Geddel e Padilha vão priorizar a conclusão da
reforma administrativa. No Senado, Iris e o líder Jader Barbalho
(PA) tentarão aprovar a reeleição.
Xadrez
A cúpula do PMDB usou uma estratégia própria do jogo de xadrez
para conseguir as nomeações de
Iris e Padilha. Teve paciência, recuou no momento certo e então
aplicou o "xeque-mate" em FHC.
A pedido de FHC, Temer havia
indicado Padilha para os Transportes. A Justiça ficaria com um
senador. FHC chegou a propor o
nome do deputado Aloysio Nunes
Ferreira (SP) para a Justiça.
O Ministério dos Transportes ficaria com um senador e Padilha
seria rifado. Temer argumentou
com FHC que somente a nomeação de Padilha uniria a bancada.
Diante da pressão dos senadores, FHC arrastou por dois meses a
escolha. Temer e Geddel decidiram, então, devolver ao presidente
a escolha dos seus ministros. O recado era claro: FHC deveria decidir se queria governar com ou sem
o apoio da cúpula do PMDB.
Os fracassos na votação da reforma administrativa e a ameaça de
uma CPI levaram FHC a fazer a
vontade da cúpula do PMDB.
Portella
Ao anunciar a escolha de Padilha, na última sexta, FHC avisou
entregava o ministério e todos os
seus cargos ao partido. Mas fez um
pedido especial a Padilha: a manutenção do secretário-executivo do
ministério, José Luiz Portella.
FHC explicou que Portella foi citado nas gravações sobre a compra
de votos -teria se comprometido
a liberar recursos para obras no
Acre. A demissão seria encarada
como reconhecimento de culpa. O
PMDB vai atender o pedido, embora Portella represente um dedo
do PSDB e do Planalto na pasta.
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