São Paulo, terça, 20 de maio de 1997.



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PMDB tenta dar maior apoio a FHC

LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília

Depois de impor ao presidente Fernando Henrique Cardoso a nomeação dos ministros Iris Rezende (Justiça) e Eliseu Padilha (Transportes), os líderes do PMDB trabalham para barrar a CPI da compra de votos e para aprovar a reeleição e a reforma administrativa.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), principal articulador das nomeações, reúne hoje os vice-líderes do PMDB para preparar as votações de interesse do governo. O desafio dos líderes é ampliar o apoio a FHC no partido.
Levantamento em poder de Temer mostra que apenas 64 peemedebistas são aliados incondicionais do governo. Dezesseis são dissidentes e outros 18 são indecisos.
A estratégia para barrar a CPI é apressar a conclusão da comissão de sindicância. "A posição do partido é esperar o resultado da comissão", afirmou ontem o líder da bancada na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
Na Câmara, Temer, Geddel e Padilha vão priorizar a conclusão da reforma administrativa. No Senado, Iris e o líder Jader Barbalho (PA) tentarão aprovar a reeleição.
Xadrez
A cúpula do PMDB usou uma estratégia própria do jogo de xadrez para conseguir as nomeações de Iris e Padilha. Teve paciência, recuou no momento certo e então aplicou o "xeque-mate" em FHC.
A pedido de FHC, Temer havia indicado Padilha para os Transportes. A Justiça ficaria com um senador. FHC chegou a propor o nome do deputado Aloysio Nunes Ferreira (SP) para a Justiça.
O Ministério dos Transportes ficaria com um senador e Padilha seria rifado. Temer argumentou com FHC que somente a nomeação de Padilha uniria a bancada.
Diante da pressão dos senadores, FHC arrastou por dois meses a escolha. Temer e Geddel decidiram, então, devolver ao presidente a escolha dos seus ministros. O recado era claro: FHC deveria decidir se queria governar com ou sem o apoio da cúpula do PMDB.
Os fracassos na votação da reforma administrativa e a ameaça de uma CPI levaram FHC a fazer a vontade da cúpula do PMDB.
Portella
Ao anunciar a escolha de Padilha, na última sexta, FHC avisou entregava o ministério e todos os seus cargos ao partido. Mas fez um pedido especial a Padilha: a manutenção do secretário-executivo do ministério, José Luiz Portella.
FHC explicou que Portella foi citado nas gravações sobre a compra de votos -teria se comprometido a liberar recursos para obras no Acre. A demissão seria encarada como reconhecimento de culpa. O PMDB vai atender o pedido, embora Portella represente um dedo do PSDB e do Planalto na pasta.



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