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Governador volta ao Brasil e nega envolvimento com o suposto esquema de venda de votos
Amazonino diz ser alvo de 'complô'
da Reportagem Local
O governador do Amazonas,
Amazonino Mendes (PFL), 57,
disse ontem estar sendo vítima
de um "complô" de seus "inimigos de Manaus" no caso da suposta compra de votos.
E deu os nomes: Serafim Corrêa (líder do PSB local) e Arthur
Virgílio Neto (secretário-geral
do PSDB e seu maior desafeto).
Irritado e suando muito, Amazonino reuniu jornalistas ontem
em um escritório do governo
amazonense em São Paulo.
Ele negou sua participação no
esquema descrito pela gravação
feita pelo "Senhor X" com o deputado Ronivon Santiago (sem
partido-AC), publicado pela Folha na última terça-feira.
Em conversa gravada, Ronivon
disse ter recebido R$ 200 mil para votar pela reeleição e que esse
dinheiro teria sido "marcado"
por Amazonino Mendes.
Já outro suspeito de ter vendido seu voto, o deputado João
Maia (sem partido-AC), afirmou, também em conversa gravada, que os R$ 200 mil teriam
sido repassados ao governador
do Acre, Orleir Cameli (sem partido), pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta, por intermédio de Amazonino.
"Repilo terminantemente. Eu
mal conheço esses deputados. Se
conversei com eles três vezes durante toda a minha vida pública,
foi muito. Não houve encontro
com nenhum dos dois deputados", afirmou o governador, que
chegou ontem de manhã ao Brasil após uma viagem de 16 dias à
Rússia e à Ucrânia.
"Tenho ainda a esperança de
que essas gravações não sejam
autênticas. Se forem, não há dúvida de que estamos diante de camicases caluniadores, suicidas
caluniadores", disse.
Amazonino Mendes negou
também qualquer relação com o
ministro Motta: "Nunca pisei no
Ministério das Comunicações,
apesar de ser um ministério extremamente importante. Nunca
tive a menor intimidade com esse ministro. Eu sequer tenho pedidos junto ao ministro".
O governador afirmou que está
à disposição para ser ouvido, em
Manaus, pela comissão de sindicância da Câmara dos Deputados que está apurando o caso.
"Não estou me negando a depor. Estou pedindo à comissão
que vá me ouvir em Manaus. Exijo, faço questão", afirmou.
Disse ser contra prejulgamentos por conta das gravações, mas
não quis comentar o fato de os
deputados acreanos, que eram
do PFL (partido de Amazonino),
terem sido expulsos do partido
de forma sumária.
Amazonino Mendes negou
também a existência de um acordo com o governador do Acre,
Orleir Cameli, segundo o qual
com o qual empresas da família
de Cameli seriam contratadas
para realizar obras no Amazonas
e, em troca, empreiteiras de amigos de Amazonino ganhariam
obras no Acre.
A Marmud Cameli, da família
do governador acreano, é suspeita de ter sido beneficiada.
"Não tenho direito de impedir
que a empresa Marmud Cameli
ganhe uma licitação, se se habilita e ganha com decência, com seriedade", afirmou.
Amazonino afirmou que nunca fez obras sem licitação, segundo aponta o Tribunal de Contas
do Estado do Amazonas. "Foi
um erro do TCE", afirmou.
Negou também ter interesse na
Suframa (Superintendência da
Zona Franca de Manaus). Mas
voltou a pedir a saída do superintendente Mauro Ricardo Machado Costa, que tem o apoio de Arthur Virgílio Neto.
"Mas não estou indicando nomes. O importante, para o governo do Amazonas, é que haja consonância entre a Suframa e o governo. Porque a Suframa se confunde com o governo. O governo
do Amazonas, em desacordo
com a Suframa, é um governo
fragilizado", disse.
O controle da Suframa, com
seus R$ 13 bilhões de faturamento anuais e cacife político inestimável, foi um dos principais objetivos de Amazonino ao dar seu
apoio à emenda da reeleição.
O governador, porém, afirmou
que nunca vendeu seu apoio.
"Apóio a reeleição porque a estabilidade econômica foi boa para o meu Estado", disse.
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