São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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CASO STO. ANDRÉ

Procurador-geral pedirá abertura de inquérito contra Donisete Braga

Procuradoria liga deputado do PT a assassinato de Daniel

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, disse que irá pedir ao Tribunal de Justiça abertura de um inquérito criminal contra o deputado estadual Donisete Braga (PT-SP) por suposto envolvimento no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT). Segundo o órgão, há "fortes evidências" da participação dele no crime.
Daniel foi seqüestrado na noite de 18 de janeiro de 2002, quando voltava de um jantar com o empresário Sérgio Gomes da Silva. O corpo foi encontrado dois dias depois no km 328 da rodovia Régis Bittencourt, em Juquitiba (SP).
As supostas provas contra Braga foram repassadas à Procuradoria pelos promotores de Santo André, que investigaram o caso e denunciaram (acusaram formalmente) o empresário Gomes da Silva, preso desde dezembro.
O PT discordou do trabalho da Promotoria, que relacionou o crime a um esquema de desvio de dinheiro na prefeitura petista de Santo André -parte da verba teria financiado campanhas do PT. O partido nega e diz que o órgão atua com motivação política.
Entre os documentos entregues à Procuradoria está a quebra do sigilo telefônico do deputado. Por meio da quebra, além de saber os números chamados, é possível identificar de onde partiram as ligações -quando se usa um celular, a antena (ERB) mais próxima capta e registra a ligação.
Segundo o histórico de chamadas do celular, Braga fez pelo menos 15 ligações entre 22h18 e 23h41 do dia 19. Os telefonemas foram registrados pela ERB do km 276 da Régis -o suposto cativeiro era no km 311.
"A última ligação registrada foi minutos antes do assassinato do prefeito", afirmou o promotor José Reinaldo Carneiro. À Procuradoria Geral, os promotores entregaram cópias de três cheques repassados por Gomes da Silva ao deputado, entre maio e julho de 1999 (R$ 12 mil no total).
A Promotoria elencou o que chamou de "contradições" do deputado. Em depoimento, Braga afirmou que, na noite do dia 19, participou de uma reunião com o governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB). Disse que chegou e saiu com o vice-prefeito de Mauá, Márcio Chaves Pires. Pires negou ter saído do ato com Braga. Afirmou ainda que a antena da região do Palácio estava saturada e, por isso, suas ligações foram registradas pela da Régis Bittencourt. A operadora de celular informou ser "praticamente nula" a possibilidade aventada pelo deputado.


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