São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006

Enquanto Tasso prega fala mais forte, alckimistas dizem que agressividade tem de vir do partido; provável coordenador discorda de ataques

Discurso eleitoral de Alckmin divide tucanos

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A declaração do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), revela uma dissonância no comitê de Geraldo Alckmin à Presidência. Cotado para assumir a coordenação da campanha, o jornalista Luiz Gonzalez discorda de uma política de comunicação centrada no ataque ao adversário, especialmente quando se está em desvantagem na disputa.
Em suas conversas com tucanos, Gonzalez afirma que decisivo para uma eleição é apresentar o candidato como a melhor alternativa para o cargo, ainda que com leves críticas ao adversário.
Ontem, procurado pela Folha, Gonzalez não foi encontrado. Mas, segundo tucanos, ele tem repetido que hoje, a três meses do início do horário eleitoral gratuito, não é o momento de se falar em estratégia para a campanha mas de construção da imagem de um candidato.
A opinião de Tasso também ilustra uma discordância entre o comando nacional do partido e a ala tradicionalmente alckmista. Secretário de Agricultura do governo Alckmin, o deputado Duarte Nogueira afirma que campanha de ataques "tão somente" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva contraria a personalidade de Alckmin, "sempre sensato, equilibrado, correto e coerente".
"Quando ele tem que colocar o dedo na ferida, como no caso da corrupção no governo, ele põe. Mas apenas bater pode criar uma rejeição que ele não tem nem pode ter", disse.

"Propositiva"
Coordenador do programa de governo de Alckmin, o ex-secretário João Carlos Meirelles diz que a propaganda do PSDB em rádio e TV deverá ser "propositiva", de "apresentação do candidato". Para Meirelles, "a manifestação mais agressiva é de competência do partido. É o PSDB que tem de fazer. Não o candidato".
Outro aliado de Alckmin, o deputado Júlio Semeghini pondera que o candidato já tem adotado um tom mais crítico recentemente, mas lança dúvidas sobre a conveniência de ser mais agressivo agora. "Não sei se é esse o momento. Pode parecer reação à crise na segurança", disse ele, afirmando que o eleitor punirá quem tentar tirar proveito dos problemas na segurança.
Contrário à investida contra Lula, outro tucano lembra que não surtiu efeito a campanha do PFL contra o presidente em rádio e TV. O próprio presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), não quis opinar. Segundo ele, quem decide o tom da campanha é o candidato. "A minha opinião todo mundo conhece. Faço oposição aguerrida ao governo Lula. Mas não quer dizer que defenda que Alckmin use o mesmo tom", disse Bornhausen.


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