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ELEIÇÕES 2006
Enquanto Tasso prega fala mais forte, alckimistas dizem que agressividade tem de vir do partido; provável coordenador discorda de ataques
Discurso eleitoral de Alckmin divide tucanos
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A declaração do presidente do
PSDB, senador Tasso Jereissati
(CE), revela uma dissonância no
comitê de Geraldo Alckmin à Presidência. Cotado para assumir a
coordenação da campanha, o jornalista Luiz Gonzalez discorda de
uma política de comunicação
centrada no ataque ao adversário,
especialmente quando se está em
desvantagem na disputa.
Em suas conversas com tucanos, Gonzalez afirma que decisivo
para uma eleição é apresentar o
candidato como a melhor alternativa para o cargo, ainda que com
leves críticas ao adversário.
Ontem, procurado pela Folha,
Gonzalez não foi encontrado.
Mas, segundo tucanos, ele tem repetido que hoje, a três meses do
início do horário eleitoral gratuito, não é o momento de se falar
em estratégia para a campanha
mas de construção da imagem de
um candidato.
A opinião de Tasso também
ilustra uma discordância entre o
comando nacional do partido e a
ala tradicionalmente alckmista.
Secretário de Agricultura do governo Alckmin, o deputado Duarte Nogueira afirma que campanha de ataques "tão somente" ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva contraria a personalidade de
Alckmin, "sempre sensato, equilibrado, correto e coerente".
"Quando ele tem que colocar o
dedo na ferida, como no caso da
corrupção no governo, ele põe.
Mas apenas bater pode criar uma
rejeição que ele não tem nem pode ter", disse.
"Propositiva"
Coordenador do programa de
governo de Alckmin, o ex-secretário João Carlos Meirelles diz que
a propaganda do PSDB em rádio e
TV deverá ser "propositiva", de
"apresentação do candidato". Para Meirelles, "a manifestação mais
agressiva é de competência do
partido. É o PSDB que tem de fazer. Não o candidato".
Outro aliado de Alckmin, o deputado Júlio Semeghini pondera
que o candidato já tem adotado
um tom mais crítico recentemente, mas lança dúvidas sobre a conveniência de ser mais agressivo
agora. "Não sei se é esse o momento. Pode parecer reação à crise na segurança", disse ele, afirmando que o eleitor punirá quem
tentar tirar proveito dos problemas na segurança.
Contrário à investida contra Lula, outro tucano lembra que não
surtiu efeito a campanha do PFL
contra o presidente em rádio e
TV. O próprio presidente do PFL,
senador Jorge Bornhausen (SC),
não quis opinar. Segundo ele,
quem decide o tom da campanha
é o candidato. "A minha opinião
todo mundo conhece. Faço oposição aguerrida ao governo Lula.
Mas não quer dizer que defenda
que Alckmin use o mesmo tom",
disse Bornhausen.
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