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Temporão e Miguel Jorge divergem sobre tributo
DA SUCURSAL DO RIO
Ontem pela manhã, pouco
antes de o governo decidir não
enviar ao Congresso novo projeto de lei de sua autoria para
recriar a CPMF (Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira), os ministros
Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e José Gomes Temporão
(Saúde) estavam em lados
opostos ao discutir o tema em
um seminário sobre o complexo econômico-industrial da
saúde, no Rio.
Para Miguel Jorge, a volta da
discussão sobre a criação de um
novo tributo "não é um bom sinal". O ministro afirmou, no
entanto, que só tomou conhecimento do assunto pela imprensa. "Até agora, não fui informado oficialmente disso. Só fiquei
sabendo pelos jornais, mas não
é um bom sinal criar um novo
imposto", disse ele.
Pouco depois, no mesmo
evento, Temporão, ao falar com
os jornalistas, defendeu mais
recursos para a área que está
sob seu comando.
"Quem tem que definir [qual
a estratégia do governo para
ampliar o financiamento da
saúde] é o presidente, juntamente com os ministros Mantega [Fazenda] e Paulo Bernardo [Planejamento]. Do meu lado, eu quero os recursos. Se virão de um novo imposto ou do
aumento da tributação de cigarros e bebidas, sem problemas. Eu preciso é dos recursos", disse o ministro da Saúde.
Temporão voltou a defender
também aumento da carga tributária sobre cigarros e bebidas: "São indústrias que causam potencialmente danos à
saúde. Me parece razoável que
pelo menos parte dos impostos
recolhidos desses setores venha para a saúde". Ele disse, no
entanto, que essa medida, isoladamente, não seria suficiente
para ampliar adequadamente o
financiamento da pasta.
A busca de novos recursos
para a saúde atende a uma necessidade que será criada com a
Emenda Constitucional 29
-aprovada no Senado e que está em tramitação na Câmara-,
que aumenta a vinculação de
recursos para a saúde.
Segundo Temporão, a emenda, além de aumentar o patamar mínimo de investimento
na área, é importante também
por definir quais gastos podem
e quais não podem ser contabilizados nessa conta.
"A emenda trará mais recursos para a saúde, mas obviamente traz para o governo a
preocupação com a definição
das fontes, pois vem justamente no momento em que se perdeu R$ 40 bilhões de receita
com o fim da CPMF e se prevê
acrescentar R$ 24 bilhões a
mais para a saúde", disse.
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