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São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2003

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GOVERNO

No congresso da UNE, presidente do PT diz temer "direita truculenta"

Críticas de aliados fortalecem extrema direita, diz Genoino

Mantovani Fernandes/ "O Popular"
Genoino, presidente do PT, na abertura do Congresso da UNE, na quarta-feira, quando foi vaiado


SEBASTIÃO MONTALVÃO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O presidente do PT, José Genoino, reclamou ontem de manhã em Goiânia, durante debate no 48º Congresso Nacional da UNE (União Nacional dos Estudantes), da oposição que o governo Luiz Inácio Lula da Silva recebe de sua própria base aliada.
"Onde aconteceu esse tipo de oposição no mundo, o que vem no lugar não é a esquerda da esquerda, mas a direita. Por isso temos que unir a esquerda para apoiar e sustentar o governo. Porque muitas vezes críticas esquerdistas precipitadas acabam fazendo o jogo da extrema direita", disse, sendo aplaudido por uma platéia de cerca de 300 pessoas.
Depois do evento, Genoino disse à Agência Folha que, "não viabilizando o governo, o que vem depois é a direita truculenta".
Os aplausos a Genoino contrastaram com o clima enfrentado pelo petista um dia antes.
Anteontem, na abertura do congresso, ele e os ministros Cristovam Buarque (Educação) e Agnelo Queiroz (Esporte) foram recebidos com vaias.
Além disso, com faixas e palavras de ordem, os estudantes criticavam principalmente a proposta do governo de reforma da Previdência e a disposição da Executiva Nacional do PT de punir os chamados radicais do partido.
Ontem, a platéia era menor e composta majoritariamente por petistas. Ao entrar no auditório, Genoino foi aplaudido de pé. Nesse momento, um pequeno grupo de militantes do Movimento Esquerda Socialista, ala do PT da qual faz parte a deputada federal Luciana Genro (RS), protestou contra a visita de Lula ao presidente dos EUA, George W. Bush. "Para construir o socialismo, tem que romper com o imperialismo", gritaram.
No discurso, Genoino voltou a defender a reforma da Previdência e afirmou ser um equívoco as manifestações contrárias, principalmente de partidários. "É uma questão de justiça. Da maneira como está, a Previdência beneficia alguns milhares em detrimento de milhões dos segurados do INSS ou dos que nem contam com aposentadoria", disse.
Ele também destacou as diferenças entre a proposta de taxação de inativos do governo atual e a do anterior. "A proposta que discordamos na época previa a taxação de todos, sem distinção. O governo propõe a taxação apenas sobre o valor que excede R$ 1.058. Se a pessoa ganha R$ 2.000, vai pagar 11% apenas sobre R$ 942."
Genoino criticou a oposição. "A oposição está sem discurso. Queriam que o PT fosse um governo sem rumo, mas isso não aconteceu porque recusamos a caricatura que tentaram nos impor."
Os participantes do Congresso da UNE vão eleger, no domingo, o novo presidente da entidade para mandato de dois anos.



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