São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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FORÇAS ARMADAS

Viegas planeja preparar efetivo para ação urbana

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Incomodado com os recentes deslocamentos das Forças Armadas para ações emergenciais nos Estados, o ministro José Viegas (Defesa) determinou, sob caráter de urgência, a instalação de um grupo de trabalho na pasta para propor em 60 dias uma solução para o aumento de tal demanda.
Na prática, o ministro, que considera "inconveniente" o uso de soldados não-treinados nesses trabalhos, quer adestrar e equipar o mais rápido possível determinado número de militares para justamente as chamadas ações de garantia da lei e da ordem, ou seja, quando os efetivos policiais estaduais estiverem esgotados -insuficientes, inexistentes ou indisponíveis. Para Viegas, as funções das Forças Armadas não podem ser confundidas com a de polícia.
Nas últimas semanas, soldados do Exército foram enviados a Minas e ao Piauí por causa das greves locais de policiais civis e militares. O pedido veio dos governadores e foi acatado de imediato pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em março, as tropas chegaram a se mobilizar para combater a violência no Rio. Só não entraram em ação por causa de recuo político do governo estadual.
Viegas tem pressa. Já disse que o problema de segurança nos Estados tende a se agravar cada vez mais, o que, conseqüentemente, aumentará a demanda para o uso das Forças Armadas. Por isso, segundo a Folha apurou, determinou na semana passada a formação do grupo de trabalho, integrado por Marinha, Exército e Aeronáutica e pelo próprio ministério.
Uma coisa é certa: com o problema orçamentário, que já inviabiliza o reajuste aos militares, aumentar o efetivo está descartado nas discussões, que devem começar na próxima semana. A idéia inicial é que saia da polícia das Forças Armadas o primeiro efetivo do grupo especial. Eles teriam treinamento específico para patrulhamento urbano e seriam equipados para isso (armas mais leves e coletes à prova de bala).
Cerca de 6.000 homens integram hoje a polícia das Forças Armadas -numa atuação que, segundo o ministério, tem "paridades" com a patrulha nas cidades. Eles estão espalhados em todos os Estados. (EDUARDO SCOLESE)

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