São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

Lula nos EUA

É num ambiente de boa vontade política que Lula desce em Nova York na terça.
Sobre Haiti, o representante americano na ONU, segundo a agência AP, disse que seu governo se sentiu "muito encorajado" pela "suave transição" do comando militar para o Brasil.
Sobre Venezuela, a Voz da América noticiou que o Brasil apóia a presença de observadores estrangeiros no plebiscito.
Até sobre Israel: o site Globes deu que o Brasil pediu a liberação de vôos comerciais diretos.
E tem a embaixadora Donna Hrinak, que esteve no Congresso, segundo a TV Senado, falou com Suplicy, Tasso Jereissati -e elogiou o "diálogo franco até quando discordávamos".

 

Mas que Lula não espere boa vontade econômica.
O "New York Times" de ontem destacou a condenação dos subsídios ao algodão, "um marco". Enquanto o Itamaraty se dizia "muito satisfeito", um porta-voz americano reagia:
- Vamos defender nossos interesses de todas as formas. Não temos nenhuma intenção de desarmar unilateralmente.
E o "Miami Herald" deu ontem que os produtores de camarão estão na expectativa da decisão do Departamento de Comércio dos EUA, nas ações contra o suposto "dumping" praticado por Brasil, China e Índia.
Para o "Wall Street Journal", em resumo, "o domínio dos EUA na agricultura mundial está sob ataque de rivais que atingem um pilar do poderio americano: exportação de alimentos". Cita Brasil, Índia e China.
 

Mas nem tudo é conflito.
O "Chicago Tribune" deu ao longo da semana uma série de reportagens com americanos que se mudaram para o Centro-Oeste. O enviado andou por Mato Grosso, oeste da Bahia etc.
Ouviu americanos vindos de Illinois, Indiana, Virgina, atraídos -e satisfeitos- pela miséria que se paga no Brasil por terra e mão-de-obra.
 

Dos empresários latino-americanos, 42% querem Miami como "capital da Alca", diz o "Miami Herald". São Paulo está em segundo, com 16%. Mas São Paulo, sublinha o jornal, nem se candidatou. Miami, sim.
A "surpresa" foi a "falta de entusiasmo" com a Alca. A "maior oportunidade", para 71%, está no acordo Mercosul/Europa. Para 52%, na Alca. Para 18%, num Mercosul ampliado.

De olho
A "Variety", que cobre a indústria do espetáculo, deu que Silvio Santos pode estar vendendo parte do SBT para a mexicana Televisa. Do título:
- Televisa de olho no Brasil.
A "Veja" afirma que tudo não passou de "uma piada" do apresentador e empresário, "no meio de um programa".

Sobrevôo
A Globo se voltou ontem para Pernambuco e Paraíba, com chuva, barragem rompida -e por fim o desabamento de uma escola. O ministro Ciro Gomes sobrevoou, segundo a Agência Nordeste, e prometeu mundos e fundos em nome de Lula:
- Vamos restaurar em 100% os prejuízos. Todas as famílias serão socorridas. Quem perdeu casa vai receber casa.

Vantagem
A febre aftosa foi destaque ontem nos argentinos "Clarín" e "La Nacion", com pelo menos um título comemorando:
- Brasil perde mercados e Argentina se beneficia.

Lá e cá
Não vão bem as relações de brasileiros e argentinos. Por aqui, o setor calçadista já está em campo, nos jornais, para manter a exportação sem limites para a Argentina.
Lá, a União Industrial Argentina vai "atacar novamente o seu alvo favorito: o Brasil". Segundo o "La Nacion", a UIA convocou protesto para quarta, contra dez anos de Mercosul em que "os argentinos cederam mais mercado que o Brasil".
E são todos, como se sabe, grandes parceiros.

EM CAMPANHA

venevision.net/Reprodução
Livro de Cisneros, na TV de Cisneros


O site Adital, criado por Frei Betto, arriscava dias atrás que Cisneros "é o candidato dos EUA contra Hugo Chávez", se o plebiscito confirmar novas eleições na Venezuela.
O empresário esteve no Brasil para lançar livro -e suas emissoras cobriram com entusiasmo. Para a Venevisión, o lançamento foi na "imponente e dinâmica cidade de São Paulo". A Univisión, sediada nos EUA, noticiou que "Gustavo Cisneros quer converter o Brasil num tigre asiático". E ele próprio disse: "Laços profundos de admiração e afeto me unem a este grande país".
Mais dele, na Folha:
- Lula quer expandir a economia a um ritmo de 8% ao ano para criar empregos. Com Hugo Chávez, a Venezuela ficou estagnada.
Candidato ou não, ele quer a simpatia do Brasil.

www.osplatform.nl/Reprodução
ICEBERG Charge na web mostra Bill Gates, da Microsoft, dizendo que é o "rei do mundo", mas um assessor vê perigo à frente, com os pingüins da Linux

PINGÜIM NO CAMINHO

O jogo entre governo e Microsoft ficou mais pesado, na semana. O site Carta Maior, no UOL, e o "Valor" deram que "a empresa de Bill Gates pediu explicações ao funcionário do governo" que cuida do programa de software livre. Ele teria difamado a Microsoft. O governo nem respondeu, diziam ontem sites sobre internet.
Para piorar, anteontem a Microsoft perdeu contrato em Munique, Alemanha, com a troca do Windows pelo software gratuito Linux. Foi destaque até na Fox News.


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