CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

As três fazendas que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), declara ter em Alagoas valem mais de R$ 6 milhões, se utilizados como referência os pagamentos feitos pelo Incra na desapropriação de terras na região.
Cada hectare desapropriado em fazendas vizinhas às do senador, nas cidades de Murici e Flexeira, chega a valer R$ 4.650, segundo informações da Comissão Pastoral da Terra. Pela média paga pelo Incra na região -de R$ 4.400,00 - os 1.371 hectares de Renan valem R$ 6,035 milhões.
Nas declarações de bens apresentadas ao Congresso, o hectare de terra de Renan é avaliado em média a R$ 598. Com isso, o valor total de suas propriedades é de R$ 820 mil.
Renan diz ter três fazendas. A mais barata delas foi adquirida do irmão e deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL).
Segundo as declarações, Olavo e a mulher Ana Veruska venderam para o senador os 736,8 hectares a R$ 300 mil, pagos em três prestações. Cada unidade ficou a R$ 407.
Ainda segundo as declarações, Renan comprou do primo Antônio Tito Uchôa Lopes a fazenda Alagoas pagando R$ 400 mil pelos 518 hectares (R$ 772 a unidade). Na compra da Novo Largo, Renan pagou pouco mais de mil reais o hectare -R$ 120 mil por 117 hectares.
Ainda assim, Dimário Cavalcante conta que recebeu em gado pela fazenda. "Ele me deu 122 bois", conta. Segundo a declaração de Renan, Dimário recebeu R$ 40 mil em dinheiro mais 87 cabeças de gado.
Os documentos mostram que até julho de 2002, quando foi reeleito ao Senado, Renan não tinha rebanhos nem propriedades rurais. Em 2003, informou ao fisco possuir 1.278 reses. Ainda segundo as declarações, Renan adquiriu negócios rurais a partir de 2002. Ao se reeleger ao cargo, há cinco anos, informou ter uma casa e um apartamento em Brasília, uma Toyota Hilux SR5, um Mitsubishi L200 GLS e um apartamento em Maceió.
Sua evolução patrimonial saltou de R$ 751,3 mil em 2002 para R$ 1,7 milhão em 2006 -crescimento médio declarado superior a R$ 200 mil ao ano. O senador alagoano ganha R$ 12.720 brutos por mês.
Procurado pela Folha, o senador não quis se manifestar. Segundo sua assessoria, ele já deu suas explicações à Corregedoria e ao Conselho de Ética.


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