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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
ENTREVISTA
PAULO MALUF
Se falarem de trânsito, vão fazer campanha para Maluf
Pepista diz que leva vantagem por ter "imagem de maior construtor" do Estado
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Valendo-se da imagem de
construtor, o pré-candidato do
PP, ex-prefeito Paulo Maluf,
76, promete: "em dois anos, resolvo os pontos graves de congestionamento de São Paulo".
Antes da entrevista, o deputado, que tem 8% de intenções de
voto segundo a pesquisa Datafolha de maio, diz discordar dos
que pregam restrições a carros
de passeio. "Sabe o que a pessoa
quer em primeiro lugar? Pensava que fosse casa. Mas é carro. Porque carro é liberdade."
FOLHA - O sr. estuda a adoção do
slogan "Anda, São Paulo". Vai explorar o trânsito na campanha?
PAULO MALUF - Se o trânsito é o
mote para campanha, todos estão fazendo campanha para
Paulo Maluf. Para prefeito, sou
o mais credenciado. Tenho a
imagem de maior construtor
do Estado de São Paulo.
FOLHA - Em 2004, o sr. teve 11,9%
dos votos, seu pior desempenho,
mesmo com essa imagem...
MALUF - Primeiro, o trânsito
não era o problema da campanha de 2004. Segundo, em
1988, Serra foi o quinto na disputa. Em 1996, mesmo apoiado
por presidente e governador,
não foi ao segundo turno. Cada
eleição é uma eleição. Se Serra
tivesse desistido, hoje não era
governador. Se Lula tivesse desistido, hoje não era presidente.
O fato de ter tido vitórias e derrotas não me esmorece.
FOLHA - O sr. não teme que seja
uma tendência?
MALUF - Pergunte à Marta [Suplicy] por que, com a máquina e
com a Presidência a favor dela,
não foi reeleita. Não a culpo.
Temos aí três candidatos com
boas tendências. A Marta tem
competência, é decidida. Se a
campanha fosse para construir
30 CEUs, quem sabe ela estava
mais caracterizada que eu?
FOLHA - O sr. não gosta das obras
viárias da Marta?
MALUF - Não as conheço. Os
dois tuneizinhos que a Marta
fez... Não quero criticar, mas
são os dois únicos túneis que
terminam num semáforo. O
Alckmin é muito bom quadro.
Mas não conheço obras dele na
capital. O [Gilberto] Kassab está fazendo uma bela administração. Mas acredito que, em
quantidade de obras a serviço
da cidade, tenho preferência.
FOLHA - As obras que propõe não
contrariam a tendência de investimento no transporte coletivo?
MALUF - Não. Quem começou o
metrô de São Paulo foram os
prefeitos Faria lima e Paulo
Maluf. Quando alguém diz que
precisa construir metrô, digo:
tem que imitar o Paulo Maluf.
FOLHA - Qual comportamento o
presidente Lula deve ter em SP?
MALUF - Não sei. Digo que acho
que vou ganhar a eleição. Este
momento é de um construtor.
Fiz o Minhocão em 13 meses.
Nenhuma das minhas pontes
demorou mais que um ano e
meio. Hoje, quando vejo uma
obra demorar oito anos, me
pergunto: cadê a Folha?
FOLHA - A que atribui o alto índice
de rejeição?
MALUF - Há um ano e meio estou fora da mídia e, com todo o
respeito à liberdade de imprensa, de todos os discursos antológicos que fiz na Câmara, não
li uma linha na Folha. Entendo
que a Folha, o [jornal O] "Estado" [de S. Paulo] e a [revista]
"Veja", para vender, tenham que
só publicar o negativo. Na campanha, terei, em 45 dias, dois
minutos e meio no almoço e no
jantar mais as inserções. Tenho
rejeição? Acredito que a pesquisa seja verdadeira. Tenho de
me esforçar para ver onde está
a injustiça e tentar corrigi-la.
FOLHA - É uma tentativa de limpar
a biografia?
MALUF - Minha biografia foi feita pelas obras que fiz. Minha
biografia não é a Folha que vai
fazer. São meus 41 anos de trabalho. Depois que eu morrer, a
Folha vai dizer que sou bonzinho, que vou fazer muita falta.
Washington Luís foi prefeito,
governador, presidente, foi
preso e deportado. Getúlio Vargas, se não tivesse se suicidado,
seria preso. Juscelino foi preso,
deportado, exilado. Jânio Quadros foi preso 90 dias em Mato
Grosso. Quem mais foi preso?
FOLHA - O sr.
MALUF - O Lula não foi? Fui,
por uma injustiça. O STF corrigiu. Vida pública é isso. Tem
amigos pelas obras que fez.
Tem adversários porque representa ameaça e a imprensa, que
quer vender jornais à sua custa.
FOLHA - Na campanha, teme que
usem os processos contra o sr.?
MALUF - Tenho 41 anos de vida
pública sem uma condenação.
Quem me julga é a Justiça.
FOLHA - Ainda acha que o PSDB está por trás de denúncias contra o sr.?
MALUF - Não. O Ministério Público está lá vendo os problemas dos tucanos com a Alstom.
O Ministério Público é feito de
gente muito correta. Acontece
que, como eles têm muito espaço na mídia, alguns têm vontade de aparecer. Atacaram Covas, Alckmin, Marta, Lula.
FOLHA - Se associarem o sr. a Celso
Pitta, vai lembrar que Kassab foi secretário de Pitta?
MALUF - Não. Errei. A posteriori. Quando indiquei o Pitta, foi
na maior boa-fé. Ele não foi
bom prefeito, a culpa é dele.
FOLHA - O sr. está conversando
com Duda Mendonça?
MALUF - Duda é um gênio. Em
1994, eu era prefeito, o Duda
me trouxe um Romanée-Conti
71. Eu, que sou razoavelmente
inteligente, perguntei: "Que favor quer que te faça?" Ele disse:
"Quero que me libere para fazer
a campanha do Lula". O Lula
ainda era aquele barbudo expropriador. Disse: "Só quando o
Lula se distanciar dessas idéias
de Fidel Castro". Em 2002, eu
disse: "Lula está maduro. Você
está liberado". Já disse que, do
jeito que o PT defende banqueiro, me sinto comunista.
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