São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Maggi diz que carne pode subir sem "crédito verde"

Governador afirma que medidas contra o desmatamento podem afetar produção

Ivo Cassol (RO) defende em audiência na Câmara a criação de alíquota da nova CPMF para a preservação da floresta amazônica


MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A 11 dias do início do bloqueio do crédito do governo federal a produtores rurais que não comprovem regularidade ambiental na Amazônia, conforme resolução do Banco Central, o governador Blairo Maggi (PR-MT) disse ontem que há 10 milhões de "bois piratas" em Mato Grosso e apontou o risco de as medidas de combate ao desmatamento do governo aumentarem o preço dos alimentos, especialmente o da carne.
"Com toda a certeza, isso vai pesar na crise da falta de alimentos e na elevação do preço. Já temos condições de oferta e demanda muito justas", disse o governador, em audiência pública na Câmara dos Deputados. Maggi criticou especificamente a restrição ao crédito rural e a apreensão de grãos e gado produzidos em regiões de desmatamento ilegal. Seriam, segundo ele, fonte de constrangimento à produção.
Ele afirmou que há 10 milhões de "bois piratas" em Mato Grosso, numa referência ao nome dado pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ao gado criado em terras desmatadas ilegalmente, sujeito a apreensão pelo governo. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, 56% das 26 milhões de cabeças de gado de Mato Grosso ocupam pastos na área do bioma Amazônia.

Em julho
A resolução do Banco Central que bloqueia o crédito rural a produtores sem licença ambiental ou que nem sequer tenham dado entrada no cadastro de suas propriedades entra em vigor em 1º de julho. Advogados e pecuaristas de Mato Grosso recorreram até ao STF (Supremo Tribunal Federal) para barrar a medida, sem sucesso. Apesar das pressões, o governo mantém a medida.
Maggi afirma que a maioria dos produtores não dispõe de cadastro de propriedade nem comprovante de regularidade ambiental e precisariam de tempo para se adaptar às regras. O governador avalia que o impacto será maior entre os pecuaristas, que ampliaram pastos na área do bioma Amazônia.
Nos 36 municípios que mais desmataram a Amazônia, apenas 20% dos donos de imóveis deram entrada na papelada no prazo previsto. O Ministério da Agricultura não dispõe de levantamento sobre eventual prejuízo à produção de alimentos em decorrência do corte no crédito.

Preservação
O governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), defendeu, durante a audiência pública, a criação de uma alíquota extra, de 0,05%, da nova CPMF proposta pelo governo a ser destinada à preservação da floresta amazônica. "Se quiserem coibir o desmatamento, vai precisar de emprego e compensação: não podemos sumir com 25 milhões de habitantes da Amazônia." Em meio a elogios ao ministro Mangabeira Unger, indicado para coordenar o PAS (Plano Amazônia Sustentável), o governador previu que "vão fritá-lo logo".


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