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Maggi diz que carne pode subir sem "crédito verde"
Governador afirma que medidas contra o desmatamento podem afetar produção
Ivo Cassol (RO) defende em audiência na Câmara a criação de alíquota da nova CPMF para a preservação
da floresta amazônica
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A 11 dias do início do bloqueio do crédito do governo federal a produtores rurais que
não comprovem regularidade
ambiental na Amazônia, conforme resolução do Banco Central, o governador Blairo Maggi
(PR-MT) disse ontem que há 10
milhões de "bois piratas" em
Mato Grosso e apontou o risco
de as medidas de combate ao
desmatamento do governo aumentarem o preço dos alimentos, especialmente o da carne.
"Com toda a certeza, isso vai
pesar na crise da falta de alimentos e na elevação do preço.
Já temos condições de oferta e
demanda muito justas", disse o
governador, em audiência pública na Câmara dos Deputados. Maggi criticou especificamente a restrição ao crédito rural e a apreensão de grãos e gado produzidos em regiões de
desmatamento ilegal. Seriam,
segundo ele, fonte de constrangimento à produção.
Ele afirmou que há 10 milhões de "bois piratas" em Mato
Grosso, numa referência ao nome dado pelo ministro Carlos
Minc (Meio Ambiente) ao gado
criado em terras desmatadas
ilegalmente, sujeito a apreensão pelo governo. De acordo
com dados do Ministério da
Agricultura, 56% das 26 milhões de cabeças de gado de
Mato Grosso ocupam pastos na
área do bioma Amazônia.
Em julho
A resolução do Banco Central que bloqueia o crédito rural
a produtores sem licença ambiental ou que nem sequer tenham dado entrada no cadastro de suas propriedades entra
em vigor em 1º de julho. Advogados e pecuaristas de Mato
Grosso recorreram até ao STF
(Supremo Tribunal Federal)
para barrar a medida, sem sucesso. Apesar das pressões, o
governo mantém a medida.
Maggi afirma que a maioria
dos produtores não dispõe de
cadastro de propriedade nem
comprovante de regularidade
ambiental e precisariam de
tempo para se adaptar às regras. O governador avalia que o
impacto será maior entre os pecuaristas, que ampliaram pastos na área do bioma Amazônia.
Nos 36 municípios que mais
desmataram a Amazônia, apenas 20% dos donos de imóveis
deram entrada na papelada no
prazo previsto. O Ministério da
Agricultura não dispõe de levantamento sobre eventual
prejuízo à produção de alimentos em decorrência do corte no
crédito.
Preservação
O governador de Rondônia,
Ivo Cassol (sem partido), defendeu, durante a audiência
pública, a criação de uma alíquota extra, de 0,05%, da nova
CPMF proposta pelo governo a
ser destinada à preservação da
floresta amazônica. "Se quiserem coibir o desmatamento, vai
precisar de emprego e compensação: não podemos sumir com
25 milhões de habitantes da
Amazônia." Em meio a elogios
ao ministro Mangabeira Unger,
indicado para coordenar o PAS
(Plano Amazônia Sustentável),
o governador previu que "vão
fritá-lo logo".
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