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Deputado do PT levou propina, diz acusado
Dono da Planam afirma à CPI que pagou João Grandão (MS) para que ele apresentasse emendas no valor de R$ 300 mil
Empresário também cita Adelor Vieira (PMDB-SC), líder da bancada evangélica na Câmara, como envolvido na máfia dos sanguessugas
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder da bancada evangélica na Câmara, Adelor Vieira
(PMDB-SC), e o deputado João
Grandão (PT-MS) constam da
lista de nomes citados pelo empresário Luiz Antônio Vedoin
como supostos recebedores de
propina do esquema que fraudava licitação de ambulâncias,
segundo a Folha apurou.
O depoimento de Luiz Antonio, apontado pela PF como líder da quadrilha, tem servido
de base para as investigações
da CPI dos Sanguessugas.
Grandão é o primeiro deputado
petista a aparecer como alvo
potencial da comissão.
Anteontem, a CPI divulgou
os nomes de 56 deputados e
um senador que tiveram inquéritos abertos pelo Ministério Público Federal. Além dos
57, a CPI ligou outros 42 nomes (ainda sob sigilo), entre
parlamentares e ex-congressistas, que teriam sido citados por
Luiz Antonio. João Grandão e
Adelor estão entre os 42.
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) havia sido citada no depoimento do empresário Darci Vedoin, pai de Luiz
Antonio, mas seu nome não
consta da lista da Procuradoria.
"De acordo com o depoimento dele [Vedoin], pelos menos
105 parlamentares tiveram algum benefício financeiro", disse o vice-presidente da CPI,
Raul Jungmann (PPS-PE).
A Folha apurou que o nome
de João Grandão aparece nas
investigações por conta da
apresentação de três emendas
para a compra de ambulâncias
no valor de R$ 300 mil. Um dos
deputados da CPI informou
que o nome de Grandão estaria
também em transcrições de
conversas gravadas pela PF.
Adelor Vieira destinou, no
ano passado, emendas no valor
de R$ 560 mil para a compra de
ambulâncias a uma organização não-governamental que seria ligada à sua igreja, a Assembléia de Deus. Além de Adelor,
há oficialmente sob investigação pelo menos dez outros
membros da bancada evangélica. Membros da CPI dizem que
esse número pode aumentar.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da
CPI, disse que parte da bancada envolvida deveria ser investigada sob a ótica de uma quadrilha. Eles seriam liderados
pelo ex-deputado Carlos Rodrigues (sem partido-RJ)
Adelor atribuiu o vazamento
das informações referentes a
ele a Gabeira. Por meio de sua
assessoria, disse que as acusações são infundadas e levianas
e que deve processar Gabeira.
Ninguém atendia ao telefone
ontem no gabinete nem nos celulares de Grandão.
Nomeado ontem sub-relator, o deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP) criticou os partidos
que anunciaram expulsão dos
filiados citados, afirmando que
a menção não implica necessariamente em culpa.
Sampaio estabeleceu oito
critérios para definir o nível de
relação de cada parlamentar no
esquema. Os principais são recebimento de propina e gravações comprometedoras.
O ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União)
classificou de "simplista e falaciosa" a agrupação dos deputados sanguessugas em dois blocos, governistas e oposição.
Hage ressaltou que muitas das
emendas que serviram de base
para a venda de ambulâncias
superfaturadas são anteriores a
2003.
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