São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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PF apura uso de time para lavar dinheiro

Empresa ligada ao banqueiro Daniel Dantas geriu por oito anos o Bahia, que teve prejuízo de R$ 6,3 milhões em 2007

Polícia Federal aponta time como beneficiário de uma movimentação de US$ 32 mi no exterior; clube afirma desconhecer o dinheiro


CATIA SEABRA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Apontado pela Polícia Federal como beneficiário de movimentação de US$ 32 milhões no exterior, o Esporte Clube Bahia está, segundo as investigações, no time dos "negócios" do Opportunity usados para suposta lavagem de dinheiro.
Sob a gestão de uma teia de empresas ligadas ao grupo Opportunity entre 1998 e 2006, o clube não traz esse aporte em seu balanço e afirma desconhecer o dinheiro. Ao contrário: viu seu patrimônio líquido passar dos R$ 10,2 milhões positivos em 1998 para um passivo de R$ 47,9 milhões em 2007.
O clube, que, antes da parceria, tinha dívida de R$ 2,9 milhões, apresentou prejuízo de R$ 6,3 milhões em 2007.
O balanço da Ligafutebol S.A. -controlador do clube no período de Dantas- também não registra aplicações que lhe são atribuídas no inquérito da PF.
Segundo investigação, a Ligafutebol foi, entre julho e outubro de 2002, um dos investidores do Opportunity Fund, movimentando R$ 1.959.307.
Mas a aplicação não consta do balanço daquele ano.
Ainda segundo os balanços, o rombo era de R$ 36 milhões em 2005. Passou para R$ 41,6 milhões em 2006. No ano passado, chegou a R$ 47,9 milhões. Criada em 1998, a dobradinha com o Opportunity pôs o Bahia sob intrincada rede de empresas, sendo a principal delas um fundo na Holanda. Até hoje, dirigentes do clube alegam ignorar o emaranhado de subsidiárias do Opportunity. A Bahia S.A., que comandava o time, era controlada pela Ligafutebol.
A Ligafutebol era controlada por duas empresas: a Spacetel S.A e o Citigroup Venture, parceiro do Opportunity. No degrau acima, a Parcom Participações S.A., que detinha quase todas as ações da Spacetel. Acima dela, a Fortpart S.A., que tem o controle das ações ordinárias da Parcom.
Outra acionista da Parcom -majoritária, mas sem poder de decisão- é a International Markets Investments CV. A empresa tem sede na Holanda e pertence ao grupo. Finalmente, a Fortpart S.A. é controlada pelo Opportunity Fund, que tinha, no papel, real poder sobre a Bahia S.A. Tinha até direito a todas as receitas do clube, inclusive a venda de jogadores.
Durante essa parceria, todas as empresas tinham como executivos membros do banco, como Verônica Dantas.
Na prática, o Opportunity só exerceu gestão a que tinha direito sobre o futebol do clube em 2004. Em 2006, foi assinado um acordo para acabar parcialmente com a parceria.


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