São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Petista vê elos "mais sórdidos" de Dantas com outros partidos

Para Chinaglia, presidente da Câmara, não há vontade política de apurar denúncias da Operação Satiagraha no Congresso

"Se tiver alguém do PT com um grau de relação com o Dantas é preciso saber quem é; se tiver de responder, que responda", afirma deputado


Alan Marques - 15.jul.08/Folha Imagem
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, durante reunião

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líder do governo durante a CPI dos Correios, o atual presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avalia que não há vontade política de apurar denúncias feitas pela Operação Satiagraha no Congresso. Em entrevista à Folha, o deputado disse acreditar que Dantas tem "ligações mais sórdidas com outros partidos do que com o PT", mas cobrou explicações de eventuais relações de petistas com o banqueiro.

 

FOLHA - A Operação Satiagraha está repercutindo de forma diferente no Congresso. Em casos menores, se vê muita gente pedindo CPI. Agora, nem a oposição está empenhada em investigar o caso. Vemos apenas vozes isoladas. Por quê?
CHINAGLIA
- Também percebo isso. Sempre houve no Congresso aqueles que surfavam na crista da onda, que pediam CPI quando tudo já estava esclarecido ou pela polícia ou pelo Ministério Público. A cobrança é devida, mas não cabe a mim responder. Não acredito em voz isolada, porque muitas vezes a voz isolada quer só surfar. Temos que cobrar de quem tem que ser cobrado. Essa pergunta deve ser dirigida àqueles -que a imprensa sabe quem são- que o tempo todo pedem CPI. Neste momento, é evidente que ninguém pediu.

FOLHA - Por essa falta de vontade de investigar, fica clara a relação de setores do Congresso com o Daniel Dantas? O sr. sabe da relação de pessoas do seu partido com ele?
CHINAGLIA
- Bom, eu vejo [a relação de Dantas com políticos] porque eu leio. Mas, até onde eu sei, as ligações do Daniel Dantas são muito mais sórdidas com outros partidos, até onde eu sei, do que com o PT. A fortuna dele é anterior ao governo atual. E os parlamentares do PT foram os que, na CPI dos Correios, fizeram todos os requerimentos. Como sou do PT e nessa época eu era líder do governo, estou apenas esclarecendo que foi meu partido que exigiu, propôs que o Daniel Dantas fosse investigado. Então, se tiver alguém do PT com um grau de relação com o Daniel Dantas, é preciso saber quem é. Se tiver de responder, que responda.

FOLHA - O sr. é favorável a uma CPI exclusiva para investigar os desdobramentos da Satiagraha?
CHINAGLIA
- Eu sempre parto de um pressuposto. A CPI irá acrescentar algo ou vai apenas repercutir, bater bumbo, de forma a se aproveitar do trabalho que outros já fizeram? Eu acho que nesse caso [da Satiagraha] o mérito é de quem investigou por quatro anos. Se foram Ministério Público, Polícia Federal e Abin, esses merecem reconhecimento da sociedade, inclusive o meu. Portanto, se dependesse de mim, eu não proporia CPI, tanto se eu fosse governo como se eu fosse oposição, pois já estaria feito. Ainda não vejo como uma CPI poderia acrescentar algo de fato útil.

FOLHA - E a CPI das Escutas Telefônicas vai ter espaço para investigar?
CHINAGLIA
- A questão é a seguinte: a CPI tem regras. Qual o fato determinado que a CPI investiga? Não quero que fique parecendo que eu sou contra investigação. Pelo contrário, eu sou contra oportunistas, contra aqueles que querem surfar na crista da onda, venham de onde vierem. Por que acho que você poderia se perguntar o que a CPI dos Grampos poderia acrescentar ao trabalho que já foi feito? A partir daí, ela própria responda se tem algum papel a jogar ou não.


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